Usar as novas tecnologias para envolver os alunos em situações reais de comunicação por meio da leitura e escrita foi o desafio enfrentado pelo projeto “Aventuras com as Letras e as Teclas”, realizado em Campinas (SP). Para promover esse aprendizado entre os alunos, foi preciso trabalhar na mesma direção com os educadores
O projeto “Aventuras com as Letras e as Teclas” foi desenvolvido pelo Grupo Comunitário Criança Feliz, na cidade de Campinas (SP) em 2005 e teve repercussões na EEPG Prof. Alberto Medaljon. Com a finalidade de diminuir o número de crianças e pré-adolescentes com dificuldades na escrita e leitura, foi concebido como um projeto de formação de educadores com três metas concretas: implantar uma biblioteca alternativa enquanto espaço de uso comum para a escola, para o Grupo Comunitário e comunidade; desenvolver uma oficina de informática que possibilitasse o acesso e o uso contextualizado do computador; e organizar uma oficina de contos com intuito de preparar adolescentes para serem contadores de histórias e assim se tornarem multiplicadores do projeto com outros grupos de crianças.
O trabalho atendeu especificamente os educadores sociais do grupo de crianças de 7 a 10 anos que já fazia parte da oficina de informática. A equipe escolheu para trabalhar o gênero da narrativa literária, mais especificamente as lendas, por oferecer oportunidade de conhecer outras culturas e ampliar os horizontes. O produto final deste projeto foi o livro Lendas Contadas e Aprendidas. As crianças foram motivadas a pesquisar na Internet, digitar seus textos no Word e a fazer as ilustrações usando o Paint Brush1. O computador foi, assim, usado como ferramenta de aprendizado para estimular a leitura e a escrita de forma contextualizada e significativa.
E os educadores?
Ao iniciar a formação, logo nos deparamos com uma primeira dificuldade: desejávamos que o educador revisse suas práticas de ensino de leitura e escrita com seus alunos, mas esquecemos de investigar quais experiências eles tinham como usuários da cultura escrita. Ao esperar que o educador realizasse a leitura em voz alta para as crianças, por exemplo, não cuidamos de saber como ele fazia esta leitura, nem qual era a sua prática nesse sentido. Muitas vezes o profissional tinha dificuldade em fazer a leitura, com falta de fluência, problemas de entonação, dificuldade com pontuação etc. Se a idéia era que ele oferecesse, por meio das rodas de leitura, um bom modelo de leitor, era necessário trabalhar com ele essa habilidade.
Usamos na formação o texto “Concertos de Leitura”2, de Rubens Alves, em que ele deixa muito clara a distinção entre ler e dominar a técnica de leitura. Ele mesmo descreve o horror que sentiu ao ouvir a leitura de um poema por uma aluna que não dominava a técnica. Passamos, então, a realizar em nossos encontros leituras em voz alta. Com esses espaços, sentimos avanços nos educadores e ele se tornou, acima de tudo, um momento de descoberta de uma fragilidade que poderia ser trabalhada. Da mesma forma, ao trabalhar a produção de texto, percebemos o quanto ela pode ser uma prática totalmente distanciada do cotidiano desses educadores, que continuam a escrever porque “alguém manda”. Como podíamos rever uma prática de ensino da escrita se em seu cotidiano ele não fazia uso da escrita de forma proficiente? Criando uma situação homológica3, propusemos que redigissem a justificativa para nosso projeto com as crianças. Em primeiro lugar, pesquisamos em dicionários, na Internet, o significado das lendas.
Depois, realizamos a leitura de uma variedade de justificativas de projetos para que pudessem construir seu texto. Fizeram o texto e numa etapa seguinte passamos à revisão. Nesse momento, realizamos a reflexão sobre uma justificativa bem escrita e levantamos quais aspectos a caracterizavam como um bom texto. Os educadores passaram a revisar o próprio texto, e com isso ampliaram seu conhecimento sobre esse conteúdo tão importante para desenvolver o comportamento escritor nas crianças. Até então, para a maioria, revisar texto era apenas corrigir erros, assinalando em vermelho as falhas das crianças. Quando perceberam que na revisão poderiam reformular, melhorar o sentido, liminar e alterar palavras e trechos, abriram-se para estes comportamentos escritores e aceitaram que seus alunos também fizessem isto, o que transformou o trabalho de revisão.
Comportamento de escritor
- Define para quem vai escrever.
- Planeja sobre o que vai escrever.
- Decide que conteúdos serão abordados.
- Procura evitar informações ambíguas.
- Revisa mais de uma vez o que foi escrito.
- Submete o que escreveu a alguns leitores e, se necessário, revisa novamente.
No mundo das lendas
A primeira condição criada para familiarizar as crianças e os educadores com as lendas brasileiras foi a leitura de textos pelo educador. Ao conhecerem diferentes versões de uma mesma lenda, aumentaram seu repertório e foram se aproximando do gênero. Em seguida, elegeram as lendas preferidas e passaram a explorá-las com mais afinco. Leram então os textos para as crianças, que foram convidadas a reescrever a narrativa coletivamente e logo digitá-la, em duplas, no computador. Em paralelo, as crianças foram estimuladas a criar as ilustrações, primeiro à mão e depois usando o Paint Brush.
Para finalizar esta etapa, fizeram a revisão de seus textos usando algumas ferramentas do Word como: desfazer digitação, escolher tipo, tamanho e cor da letra. E exploraram mais significativamente algumas teclas como “backspace”, “delete”, “barra de espaço”, “caps lock”. Continuamos a descoberta das lendas, buscando a valorização da cultura local e da tradição oral, e convidamos um morador antigo da comunidade local para visitar o grupo e contar as histórias que conhecia. As visitas foram filmadas e, a seguir, em pequenos grupos, as crianças transformaram a gravação em texto, estabelecendo as relações entre a linguagem oral e a escrita.
A seguir, um exemplo de texto coletivo produzido pelas crianças a partir da história contada por um morador:
Para se apropriar do gênero
O grupo já tinha uma prática de roda de história, que passamos a avaliar nos encontros de formação. Percebemos o quanto ela se tornou sem sentido, apesar de ser sempre tão recomendada. No geral, as rodas eram formadas com todas as crianças atendidas, aproximadamente 50. É fácil imaginar a dificuldade para o educador manter a atenção e o envolvimento de todos.
Propusemos de imediato a subdivisão do grupo. E, com menos crianças, iniciou-se a leitura de livros de lendas brasileiras. As educadoras que tinham uma experiência anterior negativa com propostas desse tipo começaram a se envolver e ficaram mais interessadas e participativas em ouvir a leitura de histórias. Além da roda de leitura, outras atividades foram propostas a fim de que as crianças começassem a refletir e ampliar o conhecimento sobre as propriedades dos textos (estrutura, características, traços diferenciadores, finalidade, intencionalidade). A seguir, dois exemplos dessas iniciativas:
- Recontar a lenda – A turma foi convidada a recontar a lenda da Cobra Grande4 a partir do quadro A Lenda da Cobra Grande, de Rybas5. Desta forma, exercitaram o domínio da estrutura e dos traços diferenciadores desse tipo de texto. Ao usar como estímulo do reconto uma imagem artística, enriquecemos o trabalho de ilustração do livro. Outras imagens, como a Cuca de Tarsila do Amaral6 e a Mula-sem-Cabeça de Portinari7, também foram usadas.
- Reescrever a lenda – Também foi proposta a reescrita coletiva de uma lenda e sua digitação no computador. Esta atividade, no início, tomava um tempo muito grande, pois as crianças não eram familiarizadas com o teclado, o que tornava a tarefa mais árdua. No entanto, com o passar do tempo e o afinamento das duplas, esta proposta foi ganhando outra dimensão e ao final já transcorria com mais tranqüilidade, até mesmo com a divisão de papéis entre a dupla.
Trabalho no computador
No início, os educadores questionaram a estratégia de trabalhar em duplas no computador, e não foi fácil romper o paradigma da ação individual. Num primeiro momento, as duplas foram formadas aleatoriamente, o que nos rendeu material para refletir em nossas supervisões. O monitor responsável pelo grupo da oficina começou a perceber que deveria haver um preparo e critério ao se elegerem as duplas. Crianças que interagem bem em situações de brincadeiras mais espontâneas não necessariamente são boas companheiras para trabalhar. Para alguns, sentar-se ao lado daquele que sabe mais é um estímulo e serve de apoio para suas dificuldades. No entanto, para outros é mais uma forma para se acomodar e desviar a atenção, pois sabem que sempre há alguém que fará a tarefa por eles. Ao longo do processo, mudamos as duplas e tivemos muitos casos de sucesso. Em outros, avaliamos que as parcerias não foram acertadas.
Na proposta de reescrita da lenda usando o computador, foi comum ver uma divisão de papéis entre as duplas por iniciativa das próprias crianças. Uma ditava o texto, enquanto a outra digitava e viceversa. Outras duplas preferiram se dividir de maneira diferente: um se responsabilizava pelo texto e o outro pela ilustração e uso do Paint Brush. Avaliamos que houve um grande avanço nessa dinâmica, e as brigas e disputas, comuns no início, deram espaço ao companheirismo e autonomia das decisões sobre a melhor forma de trabalho. Outro ponto favorável foi que algumas crianças que iniciaram o ano sem escrever aceitaram a ajuda e intervenção do parceiro com mais conhecimento e apresentaram uma evolução em suas hipóteses de escrita.
Hora da revisão
Após os textos estarem todos digitados, iniciamos o trabalho de revisão que incluía, neste caso, não só a melhora do texto nos aspectos de ortografia, coerência e coesão, como também voltar o olhar para “erros” de digitação, comuns em qualquer trabalho com o editor de texto.
Os principais “erros” observados foram:
- Mudança de linha após término de palavra. Muitas vezes as crianças usaram a tecla “enter” ao terminar de digitar uma palavra, ou no meio dela, e assim mudavam de linha sem haver necessidade.
- Excesso de espaçamento entre palavras. Sabíamos que na revisão tínhamos que cuidar da melhora do texto tanto na elaboração como na apresentação.
A partir dos erros, algumas situações foram surpreendentes:
- Ao tentar apagar, corrigir alguma palavra, a criança perdia parte ou todo o texto e então a descoberta da função “voltar a ação” foi uma grande salvação e fez todo o sentido. Quando alguma criança se desesperava, já vinha outro em socorro e compartilhava esse saber, que tranqüilizava a dupla como se fosse uma mágica.
- O corretor ortográfico, num primeiro momento, também foi assustador, pois as crianças viam em seus textos as palavras não reconhecidas sublinhadas e para eles significava: “Estou escrevendo errado”. Obviamente, muitas palavras não estavam escritas da forma convencional, mas isto serviu para que juntos fôssemos refletindo sobre a palavra e, depois, sobre o erro. Pois muitas vezes o sublinhado informava apenas que o computador não reconhecia aquela palavra por ser um nome ou mesmo uma expressão característica da lenda, e assim passaram a lidar melhor com a questão. Em muitos casos, após se certificarem de que a palavra estava escrita corretamente e mesmo assim continuava sublinhada, já saiam avisando pela sala: “Olha, o computador não sabe o que é Iara!”.
Produção do livro
Desde o início, era muito claro, para o grupo de crianças, que produziriam um livro que seria doado à biblioteca da escola, reativada como parte do projeto. Um desdobramento interessante que não estava previsto na idéia original foi a recuperação e melhoria da biblioteca da entidade. Hoje eles contam com um espaço bem organizado, bem montado e com um bom acervo de livros, que inclui o livro produzido pelas crianças.
O envolvimento na produção do livro foi grande e o momento mais especial foi a tarde de autógrafos, quando compartilharam com pais, colegas e professores todo o saber conquistado. Cada criança recebeu um exemplar e saiu em busca da assinatura de seus colegas, ao mesmo tempo em que eram procurados pelos diferentes convidados. Era visível a expressão de orgulho e satisfação de cada um presente no evento.
Avaliação do projeto
Apesar dos muitos desafios, consideramos o projeto bem-sucedido do ponto de vista das aprendizagens das crianças e dos educadores. Ao considerar o contexto de educação não formal com educadores sociais acostumados a realizarem atividades socioeducativas com grandes grupos de crianças, sem muitas condições materiais, avaliamos de forma bastante positiva o trabalho realizado. Aparentemente o problema proposto às crianças foi a produção de textos que seriam lidos por outras pessoas, mas a possibilidade de usar o computador em duplas gerou uma série de novos desafios, que foram sendo gerenciados durante as supervisões e encontros.
As crianças apontaram em seus relatos avaliativos que o projeto contribuiu, e muito, para que melhorassem a relação com a leitura e escrita, e também para que ampliassem o conhecimento do computador. Perceberam que evoluíram ao ler e compreender sozinhos um texto, assim como ao participarem de uma reescrita.
Como ganho adicional, destacamos também a criação das ilustrações do livro, uma vez que as personagens, situações, contextos foram todos criados e imaginados pelas crianças. Ao atuar como escritores e ilustradores, as crianças contribuíram como autores de conteúdo, deixando sua marca pessoal.
Fala dos adultos
- “Alunos que participaram do projeto desenvolveram mais suas habilidades de escrita e leitura” – professor da escola.
- “Houve melhora significativa, conseguem ouvir mais as leituras de histórias e isto refletiu na escrita e leitura; também houve enriquecimento do vocabulário…” – educador da entidade.
- “As crianças aumentaram o repertório, o que contribuiu para a melhora na produção de textos” – professor da escola.
- “Percebi que houve um avanço na escrita, pois no semestre passado a atividade era de correspondência de cartas e eles tinham bastante dificuldade. Estão escrevendo com mais rapidez e nitidez…” – educadores.
- “Desde o início deste semestre tem sido nítida a mudança de comportamento das crianças do Grupo Comunitário que freqüentam o Sesc, no período da tarde. Elas têm demonstrado mais interesse pelas atividades e maior participação…” – professores.
- “Estas crianças possuem um grande potencial de criação e trabalho e, neste semestre, o aproveitamento foi bem maior em relação ao semestre anterior. Aquela agitação exacerbada que impedia o diálogo, a conversa, praticamente cessou, com exceção dos momentos de euforia, que são próprios da criança” – Relatório Sesc-Campinas.
- “No início as crianças não conseguiam trabalhar em duplas. Na verdade, mais se atrapalhavam e tinham pouca intimidade com o teclado e barras de ferramenta. Ao longo do projeto, não só aprenderam a dividir o instrumento de trabalho, como aprimoraram o uso do mesmo” – consultor.
Com a palavra, as crianças
1. Você consegue se envolver ao fazer uma reescrita de uma lenda? Como é sua participação nesse momento?
90% dos alunos respondeu que sim
2. O que você mais gostou de fazer durante o projeto?
- Fazer desenho no computador
- Digitar
- Reescrever lendas
- Desenho à mão
- Usar internet para pesquisa
- Ouvir histórias
- Usar computador (em geral)
- Ler histórias
(Renata Frauendorf, psicopedagoga da Clínica Soma, em Campinas, e formadora do Instituto Avisa Lá)
1Programa utilizado pelos usuários do Windows para desenhar.
2Rubem Alves é professor, escritor, teólogo e psicanalista. O texto “Concertos de Leitura” está no livro Escola com que Sempre Sonhei sem Imaginar que Pudesse Existir, Ed. Papirus.
3Situações equivalentes, correspondentes, embora mais ou menos diversas.
4Uma das mais conhecidas lendas do folclore amazônico, esta lenda conta que uma índia, grávida da boiúna (cobra-grande, sucuri), deu a luz a duas crianças gêmeas, que na verdade eram cobras.
5José Ribamar Silva Nery (Rybas), artista plástico brasileiro.
6Tarsila do Amaral (1886-1973) é considerada uma das mais importantes pintoras brasileiras.
7Cândido Portinari (1903-1962), consagrado pintor brasileiro, destacou-se, também, nas áreas de poesia e política.
Trabalho em grupos
Agrupar os alunos deve ser uma ação intencional e criteriosamente planejada pelo professor. Tal ação deve estar baseada em três aspectos: o conhecimento dos alunos sobre o que se pretende ensinar, as características pessoais dos alunos e a clareza do objetivo da atividade que se pretende propor. Deixar de considerar esses aspectos, em geral, resulta em agrupamentos improdutivos, baseados na improvisação. Além de contar com os conflitos cognitivos que, naturalmente, o trabalho em parceria provoca, o professor deve se preocupar em garantir que as atividades propostas sejam “portadoras” de desafios, ou seja, que carreguem em si um problema a ser resolvido, para que, na tentativa de solucioná-lo, os aprendizes coloquem em uso tudo o que já sabem sobre o conteúdo da tarefa.
Dessa forma, maiores serão as possibilidades de os alunos progredirem em seu processo de alfabetização, mesmo quando não puderem contar com a intervenção direta do professor. As atividades individuais, incontestavelmente, devem ter um lugar entre as situações de aprendizagem propostas aos alunos, pois eles necessitam de espaços em que possam trabalhar com suas próprias idéias. No entanto, são as atividades que potencializam uma elaboração cooperativa do conhecimento que devem ser priorizadas.
Dadas as diferenças de saberes dos alunos, a maneira de intervir não deve ser a mesma para todos. É preciso diversificar os tipos de ajuda: propor perguntas que requeiram níveis de esforço diferentes; oferecer uma informação específica que promova o estabelecimento de novas relações; ouvir o que o aluno tem a dizer sobre o que pensou para chegar a um determinado produto; estimular o progresso pessoal. Se quer que os alunos assumam como valores a cooperação, o respeito às idéias e maneiras de ser dos parceiros, a solidariedade e a justiça, o professor precisa atuar de acordo com esses princípios – ou seja, demonstrar em sala de aula atitudes de cooperação, de justiça, de solidariedade etc. – e criar um ambiente que traduza os valores que pretende ensinar. Assim, por exemplo, se a cooperação é um dos valores a ser ensinado, não basta discursar sobre o que são comportamentos cooperativos: é preciso que a aula transcorra de fato em um clima cooperativo, no qual seja possível testemunhar e experimentar atitudes desse tipo.
É preciso, então, que o professor assuma a condição de autor da própria prática pedagógica: aquele que, diante de cada situação, precisa refletir, buscar suas próprias soluções, construir novas estratégias, tomar decisões, enfim, ter autonomia intelectual. Trilhar esse caminho exige estudo, reflexão sobre sua ação, auto-avaliação, trabalho em parceria, intencionalidade e, principalmente, disponibilidade para aprender e experimentar.
(“Coletânea de textos”. Módulo 2, Unidade 2, Texto 6 (M2U2T6). Programa de Formação de Professores Alfabetizadores – PROFA – MEC. Disponível no site: www.mec.gov.br)
A revisão usando um editor de texto
A revisão por meio de um editor de texto apresenta uma vantagem objetiva em relação à revisão da produção escrita com lápis e papel: para mudar uma parte do texto não há que voltar a escrevê-lo. Isso é vantagem para todos os usuários, mas, especialmente para as crianças, pois podem ensaiar alternativas à primeira textualização e fazê-lo de maneira recorrente, sem necessidade de voltar a reescrever o texto cada vez. Além disso, as marcas de revisão incorporadas no processo não ficam na tela, e tampouco no texto impresso. Tudo isto faz do computador um instrumento privilegiado para a tarefa de revisão.
(“La revisión de un texto ajeno utilizando un procesador de palabras”, Sonia Luquez e Emilia Ferreiro in Lectura y Vida. Revista Latinoamericana de Lectura. Ano 24, no 2/Junho 2003. Asociación Internacional de Lectura Buenos Aires – Argentina)
Por dentro do projeto
Justificativa
As crianças podem elaborar textos com boa capacidade de comunicação. Mas para que isso aconteça de fato, é necessário que elas vivenciem situações significativas de leitura, reconto, reescrita e produção de texto, de forma que se apropriem da linguagem com que se escreve. Ao envolvê-las em situações reais de comunicação, o professor possibilita que a criança aprenda que a escrita e leitura são atividades que atendem a diferentes funções, como: comunicar-se, expressar idéias, experiências, opiniões, sentimentos, registrar, ter acesso ao que outras pessoas pensam.
Considerando os avanços tecnológicos, e diante de pesquisas da didática de alfabetização, percebe-se claramente a necessidade de usar novos contextos para ensinar a ler e escrever. Assim, o computador torna-se uma ferramenta de trabalho muito importante. Para isso é importante integrar o computador à rotina da equipe de educadores, de forma a torná-los usuários do mesmo, ampliando seu conhecimento sobre possíveis usos da máquina no contexto da instituição.
Objetivos de aprendizagem
Permitir que as crianças:
- Reflitam, ampliem e avancem em seus conhecimentos sobre leitura e escrita.
- Compreendam que a escrita e a leitura são atividades que atendem a diferentes funções.
- Ganhem consciência da capacidade de serem produtores de textos mesmo antes de saberem escrever convencionalmente.
- Percebam relações entre as linguagens falada e escrita.
- Percebam as possibilidades de uso do computador no cotidiano, vivenciando momentos de brincar, jogar, usar recursos do editor de texto e da ferramenta para desenhar.
- Aproximem-se do sistema de convenções que rege a linguagem do computador, incluindo a utilização do mouse com agilidade, coordenando os movimentos.
- Conheçam alguns usos do computador: edição de textos, edição de imagens, impressão, jogos, passatempos etc.
- Aprendam quais cuidados devem ter no uso do computador.
Etapas previstas
- Leitura de diferentes gêneros textuais.
- Leitura de lendas.
- Pesquisa em sites sobre folclore e lendas.
- Escrita de listas: o que compõe um livro; lendas preferidas do grupo etc.
- Proposta de escrita espontânea: títulos das lendas que já foram lidas, nome dos personagens que aparecem na história para ajudar na reescrita da lenda; trechos de lendas ditados pelo professor etc.
- Reescrita coletiva de lendas.
- Reconto oral de lendas.
- Criar um texto a partir de ilustrações.
- Produzir ilustrações para uma história lida.
- Digitação em duplas dos textos coletivos produzidos em sala.
- Revisão do texto.
- Planejar etapas de elaboração do livro junto com as crianças.
Produto
- Livro com lendas e ilustrações, que depois será doado à biblioteca da comunidade.
Ficha técnica
Programa Apoio a Projetos de Atendimento a Crianças e Jovens de 7 a 16 anos
Iniciativa e apoio:
Fundo Juntos pela Educação – Compostos pelas Organizações: Instituto Arcor, Instituto C&A Vitae e Federação das Entidades Assistenciais de Campinas – FEAC
Projeto: Aventuras com as Letras e as Teclas
Realização: Grupo Comunitário Criança Feliz – Rua Francisco Mesquita,106 – Vila Brandina – Campinas-SP – Tel: (19) 3294-4920 ou 3252-3110 – E-mail: cfeliz@feac.org.br
Equipe:
Consultora Pedagógica: Renata Frauendorf
Coordenadora do Projeto: Sidinéia S. Zambelli Carreiro
Educadores: Andréia Profeta Cirlei e Fátima Zambelli Emerson Brigatti
Parceiro:
Escola Estadual Professor Alberto Medaljon
Diretora: Solange Aparecida Gonçalves Zibim – Rua: Conselheiro Leôncio de Carvalho,s/no – Vila Brandina – CEP:13054-011 – Tel: (19) 3253-7994 E-mail: amedaljon@hotmail.com
Para saber mais
Livros para o educador
- Passado e Presente dos Verbos Ler e Escrever, Emilia Ferreiro. Ed. Cortez. Tel.: (11) 3864-0111.
- Escola com que Sempre Sonhei sem Imaginar que Pudesse Existir, Rubem Alves, Ed. Papirus. Tel.: (19) 3272-4500.
- Contos Tradicionais do Folclore. Luis da Câmara Cascudo. Ed. Global. Tel.:(11) 3277-7999.
- Contos Tradicionais do Brasil, Luis da Câmara Cascudo. Ed. Global. Tel.: (11) 3277-7999.
- Ler e Escrever na Escola – O Real, o Possível e o Necessário, Delia Lerner. Ed. Artmed. Tel.: 0800-703-3444.
- Gêneros Orais e Escritos na Escola, Bernard Schneuwly, Joaquim Dolz e colaboradores. Mercado das Letras. Tel.:(19) 3241-7514.
- Aprendizagem da Linguagem Escrita – Processos Evolutivos e Implicações Didáticas, Liliana Tolchinsky Landsmann. Ed. Ática. Tel.: (11) 3990-1777
- O Ensino da Linguagem Escrita, Myriam Nemirovsky. Ed. Artmed. Tel.: (11) 0800-703-3444.
- “O Que Fazer após Ler uma História para as Crianças”, Denise Nalini, avisa lá no 22 – abr/2005. Tel.: (11) 3032-5411.
- Contextos de Alfabetização Inicial, Ana Teberosky, Marta Soler Gallart & colaboradores. Ed. Artmed. Tel.: 0800-703-3444.
Livros para as crianças
- Meu Livro de Folclore. Ricardo Azevedo. Ed. Ática. Tel.: (11) 3990-1777.
- Armazém do Folclore. Ricardo Azevedo. Ed. Ática. Tel.: (11) 3990-1777.
- Um Saci no Meu Quintal. Mônica Stahel. Martins Fontes. Tel.: 3241-3677.
- O Boto Cor-de-Rosa. Rita Helena de A. M. Zingoni. Ed. Gryphus. Tel.: (11) 3253-5011.
- Iara – Coleção Pintando o Nosso Folclore. Maria Fernanda Antunes. Ed. FTD. Tel.: (11) 3253-5011.
- Lobisomen – Coleção Pintando o Nosso Folclore. Maria Fernanda Antunes. Ed. FTD. Tel.: (11) 3253-5011.
- Contos, Mitos e Lendas para Crianças da América Latina. Ed. Ática. Tel.: (11) 3990-1777.
- O Curupira. Maria Fernanda Antunes. Ed. FTD. Tel.: (11) 3253-5011.
- Lendas e Fábulas – Coleção Bichos da África. Rogério Andrade Barbosa. Ed. Melhoramentos. Tel.: (11) 3874-0940.
- Saci – Coleção Pintando o Nosso Folclore. Maria Fernanda Antunes. Ed. FTD. Tel.: (11) 3253-5011.
- Quem Procura Saci Acha Pererê. Telma Guimarães C. Andrade. Ed. Loyola. Tel.: (11) 6163-4275.
- Literatura Oral para a Infância e a Juventude, Henriqueta Lisboa, ilustrações de Ricardo Azevedo. Ed. Fundação Peirópolis. Tel.: (11) 3816-0699.
Sites para pesquisa
- www.escolaquevale.org.br
- www.crmariocovas.sp.gov.br
- www.portinari.org.br
- http://sitededicas.uol.com.br/cfolc.htm
- www.jangadabrasil.com.br