Arte: base do projeto na escola

Na Escola Grão de Chão, a proposta pedagógica é guiada pela arte. Oficinas diárias com diferentes linguagens artísticas favorecem um trabalho estético de alta qualidade, e a cada ano uma caprichada exposição revela a consistência do trabalho realizado. Em 2006, o encanto ficou por conta de uma instalação com móbiles produzidos pelas crianças e professores

O projeto educativo da escola Grão de Chão1, que já completou 22 anos de atuação na cidade de São Paulo, tem como objetivo desenvolver habilidades, competências afetivas das crianças por meio de projetos cuidadosamente planejados, com ênfase no jogo/brinquedo e nas artes, em suas diferentes linguagens: Teatro, Música e Artes Visuais. As linguagens artísticas e o brincar permeiam o dia-a-dia da escola e estão garantidos nos tempos e espaços que são organizados pelos coordenadores e professores. A opção de trabalhar com a arte e o brincar, no entanto, não impede o desenvolvimento das outras áreas do conhecimento como a Língua Portuguesa ou a Matemática, por exemplo, já que os projetos são interdisciplinares.

A escola investe no trabalho de equipe, no qual coordenadores e educadores partilham cotidianamente experiências, vivências, impressões, informações e podem, com a troca, aprender entre si.

Rotina diferente
O cotidiano escolar tem peculiaridades, como começar sempre pelo quintal, onde as crianças brincam na areia, casa da árvore ou no caminho, espaço previamente preparado e mutante. Após o quintal, as crianças entram em suas salas específicas por faixa etária e, durante mais ou menos uma hora, o educador do grupo desenvolve atividades inter-relacionadas com as disciplinas, referentes à oralidade, leitura e escrita, Matemática, formação social e pessoal, Ciências Sociais e Naturais, movimento, etc., de acordo com o Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil (RCNEI) 2.

Segue o lanche e mais brincadeiras de quintal e, em seguida, as crianças organizam a sala, guardando os materiais coletivos. Começam então as Oficinas de Arte, que são diárias. Formam-se “grupões”, em que os alunos são divididos em dois ou três grupos para trabalhar com os conteúdos da arte – são grupos interidades3. A dinâmica e o planejamento são elaborados em grupo e individualmente pelos educadores, e as funções dentro das oficinas são alternadas entre eles, favorecendo a troca de aprendizado e o aperfeiçoamento coletivo de diversas linguagens. Por exemplo: o professor que coordena as atividades de Artes Visuais e Música durante um semestre, poderá, no seguinte, ter o desafio de coordenar as oficinas de Dança, Teatro e Jogos.

Rico acervo
A escola abriga uma boa biblioteca com um grande acervo de livros de Arte. Sendo uma escola de classe média e alta, há uma contribuição importante dos pais, que trazem catálogos, doam livros, cartões de vernissage, calendários, imagens de revistas e jornais, além de reportagens sobre artistas. Todo o material é organizado de forma que os professores possam pesquisar e posteriormente usá-lo com os alunos. A forma do uso das imagens depende da idade das crianças e do projeto do professor. Elas podem ser exploradas usando-se retroprojetor, livros, vídeos, ou fazendo visitas aos museus, aos ateliês dos artistas, etc. Os educadores têm mais dificuldades em trabalhar com Arte Contemporânea, mas são estimulados a aprofundar e aperfeiçoar suas pesquisas, inclusive na Internet.

Também há disponível na escola um bom acervo de imagens: fotos de pessoas, lugares, obras de arte e objetos, fotos de arquitetura, etc., retiradas de revistas ou catálogos, e montadas em suporte mais duro, compondo as “Pastas de Imagens”. Também podem ser consultadas as “Pastas de Transparências”, com reprodução de obras de arte, pôsteres e vídeos, inclusive com a documentação das atividades da escola. Nas aulas de apreciação, quando as imagens são projetadas por meio de transparência, exploram- se, no tempo de percepção das crianças, os efeitos da projeção da luz e das sombras.

Chama-se a atenção para as cores, as formas, os materiais utilizados, as texturas e como esses elementos estão compostos na imagem. As impressões sensoriais e emocionais provocadas na turma por essas visualizações são transpostas para linguagens expressivas, seja por meio da oralidade, dos movimentos corporais, da representação plástica. As imagens são escolhidas com base na significação para as crianças, com temas que remetem à família, ao seu cotidiano, às questões mais próximas a elas. Para as crianças mais novas, as imagens são, prioritariamente, figurativas, pois são facilmente compreendidas e identificáveis. Assim, é possível estabelecer uma relação mais próxima com a realidade circundante da criança, provocando-as para a ação e a compreensão do mundo.

Estimula-se o olhar, perguntando-se sobre o que elas estão vendo, sentindo e pensando diante da imagem projetada. Para completar, o professor conta histórias dos personagens representados, da época em que se desenrola a história ou cena, e vai aportando elementos curiosos e importantes do ponto de vista histórico e que, evidentemente, fazem sentido para a criança. Durante esse processo, o professor busca não criar expectativas em relação à produção da criança, afinal, a síntese que ela faz das apreciações é absolutamente individual e não precisa se parecer com nada do que lhe foi apresentado antes.

Exposição anual
Com tanto investimento em Artes, uma exposição no final do ano tem lugar especial no planejamento geral. A exposição de arte é um evento importante que acontece na escola há vários anos. As primeiras exposições tinham uma configuração bem diferente da atual. Apresentavam uma montagem mais simples, na qual os trabalhos das crianças eram expostos sem a preocupação de serem ligados a temas ou separados por idade. No mesmo dia, além da exposição, aconteciam vários eventos como: oficinas de arte para pais e alunos, apresentações musicais das crianças, de grupos de coral, de companhias teatrais, e, mais tarde, a formatura do pré.

Atualmente, com a introdução das salas temáticas, divididas por faixa etária, é mostrado um conjunto significativo dos trabalhos desenvolvidos durante o ano de forma mais organizada, o que oferece uma dimensão do processo e do desenvolvimento infantil para os visitantes. Além do encontro e da integração de pais, alunos e funcionários da escola, há apresentações musicais de pais músicos, alunos e ex-alunos. Mostra-se também como o trabalho nas diversas áreas (Português, Matemática, Ciências, etc.) relaciona-se com a Arte.

A organização desse evento começa no início do ano letivo e intensifica-se nos dois últimos meses que o antecedem. A equipe de educadores mantém uma preocupação constante com o acabamento das peças, a escolha dos trabalhos que serão expostos, formas de apresentação, textos informativos e a concepção das salas e dos espaços comuns. A amostra não é só das crianças, mas também dos professores. A exposição e o processo de organização motivam e fazem o professor repensar o seu trabalho. É um momento de intensa troca de informações que possibilita o aperfeiçoamento do fazer artístico. O professor aprende e também se sente autor.

O evento ocorre num sábado, quando as crianças, orgulhosas, mostram aos parentes e amigos a sua produção. Mas é na segunda-feira seguinte que elas podem realmente apreciar todos os trabalhos e interagir com livros e objetos produzidos. É um dia dedicado à visitação em que crianças e professores passam de sala em sala, questionando e olhando todos os detalhes que passaram despercebidos no evento.

Instalações coletivas
Todo ano a exposição conta com um espaço importante para abrigar uma ou mais instalações concebidas pelos professores, que discutem os temas, pensam os espaços, criam e planejam a forma de aplicação nas aulas de Artes. As crianças participam da criação, construção e montagem e, ao final do processo, podem usufruir dela no dia da exposição. O principal objetivo da instalação é ser lúdica e interativa, além de propor estímulos visuais, contendo aromas, sons e objetos que possibilitem o toque.

É quase uma tradição da escola o trabalho e a conceituação das instalações, já que a Arte Contemporânea faz parte do conteúdo das oficinas de Artes Visuais. Nas visitas aos museus e às bienais, os professores fazem questão de expor as crianças a essas obras interativas. Na exposição de 2006, a instalação, chamada Movimentos, ficou logo na entrada, ao lado do quintal arborizado, e possuía três ambientes. O primeiro consistia de móbiles4 de sucata e de papel, inspirados no trabalho do artista Alexander Calder6, pendurados por todo o espaço.

O segundo possuía uma grande caixa interativa pendurada feita por todas as crianças, que participaram colando texturas, fixando sucatas e depois usufruindo do brinquedo durante as visitas às instalações. O piso era forrado com papéis coloridos e plástico- olha, que, quando pisado, proporcionava uma sensação muito prazerosa. Em uma das paredes do terceiro ambiente, havia pinturas com interferências gráficas de pássaros e ideogramas retirados da pesquisa sobre as artes e gravuras japonesas feita pelo G5 e pelo G6 (criancas de 5 e 6 anos). Em outra, impressões e contornos de mãos infantis coloridas estampavam o fundo preto, realçando os móbiles.

Gestação da obra
Segundo Lucília Franzini, coordenadora da escola, a idéia da instalação nasceu, no início das aulas, durante uma reunião de professores:

“Deveríamos estabelecer alguns parâmetros para o trabalho das oficinas de Artes Visuais para o ano. Resolvemos nos aquecer vendo alguns livros de arte. Nessa exploração, abrimos um livro de Arte Contemporânea que trazia a foto de uma instalação da artista Pae White6, que era composta de móbiles que tinham formas parecidas com borboletas.

Essas formas estavam suspensas, em cima de um chão de espelho, e isso nos encantou. O grupo começou a jogar algumas idéias, sempre girando ao redor dos móbiles, e surgiu a intenção de trabalhar com eles. O nome de Alexandre Calder veio instantaneamente, pois parte de sua obra é dedicada às suas pesquisas com eles (os móbiles e os estábiles7). Levantamos alguns aspectos das obras do artista que queríamos abordar e resolvemos trabalhar com três quadros – dois deles sem título, datados de 1970 e 1973. O terceiro chama-se Spirales, sem data. Nos três, as cores primárias, o preto e o branco estavam bem evidenciados.

Apesar de os quadros não serem figurativos, eles deviam conter formas que sugerissem algo para as crianças (caracol, folhas, etc.), para que histórias pudessem ser imaginadas a partir deles. Queríamos partir do bidimensional para o tridimensional, propondo várias oficinas em que elas pudessem, aos poucos, perceber a questão dos planos, para só então entrar nos móbiles. Calder foi trabalhado exclusivamente pelo grupo de crianças de três e quatro anos. A instalação trouxe um pouco também da Arte oriental, que possui elementos “aéreos”, como os origamis8, os balões, as pipas, os papéis de seda e a leveza de suas pinturas. O projeto de arte oriental teve como foco as obras de Hiroshigue9, e o interesse das crianças de cinco e seis anos pela escrita japonesa10 nos levou a convidar o artista japonês e conhecedor de hieróglifos11 e Kata-kana12 Carlos Yamamoto, de 82 anos, para compartilhar e ensinar as crianças os mistérios dessa escrita milenar.

O grupo das crianças menores, de um e dois anos, contribuiu trazendo as pesquisas com as texturas que originou a “Caixa Interativa”, os elementos marinhos, como os peixes e o mar, e as pipas, feitas nas oficinas de brinquedos. O trabalho começou a ser desenvolvido no início do ano e teve idas e vindas, encontros e aproximações com outros temas e conteúdos das Artes.”

O resultado foi compensador.

(Beatriz Bianco, educadora e artista plástica)

1Escola de Educação Infantil localizada na Zona Oeste da Cidade de São Paulo.
2O RCNEI é um documento oficial do MEC para Educação Infantil que oferece diretrizes curriculares a todos que atuam na área. Volumes disponíveis no site: www.mec.gov.br
3Grupos G1 com G2; G2 com G3, e assim sucessivamente.
4Móbiles são esculturas feitas com elementos leves suspensos por fios que se movem ao vento.
5Alexandre Calder (1898-1976), escultor, pintor e artista plástico americano, com importante trabalho com móbiles.
6Pae White é escultora, desenhista e artista plástica americana. Nascida em 1963, vive em Los Angeles–EUA.
7Os estábiles são esculturas gigantes transformadas em monumentos postados em várias cidades do mundo.
8Origami é uma arte milenar de origem japonesa, que tem como base a criação de formas através da dobradura de papéis, sem o uso de cortes.
9Hiroshigue Ando (1797-1858), artista japonês.
10A escrita japonesa é composta por ideogramas e por fonogramas silábicos.
11Hieróglifo ou hieroglifo é cada um dos sinais da escrita de antigas civilizações, tais como os egípcios e os maias. Também se aplica a qualquer escrita de difícil interpretação ou enigmática. pt.wikipedia.org/wiki/Hieróglifos
12A escrita Kata-kana (pronuncia-se “catacaná”) é composta por 46 caracteres e 25 derivados. É utilizada para expressar palavras de origem estrangeira e sons onomatopaicos.

Trabalho com a turma

Na primeira aula, para sensibilizar e preparar o olhar das crianças, preparei um desenho no chão com fita crepe, de um caracol, para receber as crianças do G3 e do G4. Na medida em que entravam na sala, logo iam perguntando: O que é isso? Por que está aqui?

Para explorarmos aquela forma, propus que andássemos sobre o desenho e fizéssemos uma brincadeira: coloquei a música do Camaleão14 e cantei com eles. “Olha o camaleão, olha o rabo dele, segura esse nego senão ele cai, meu cachimbo era de ouro, era de Samburá…” Caminhamos em cima da fita crepe, refazendo a forma do caracol, e combinamos que quando cantássemos “o cachimbo era de ouro, era de Samburá”, eu escolheria alguém para vir atrás de mim, e outro, e mais outro, até formar uma grande corrente de gente. As crianças tinham que repetir os movimentos, um imitando o outro, até cair no chão. Foi uma folia. Ao final da oficina fizemos um registro da brincadeira, utilizando papel e giz de cera. As crianças, bastante sensibilizadas, desenharam inúmeros caracóis.

Num outro dia, coloquei a obra Spirales, sem data, de Alexander Calder, por meio de transparência, e projetei bem grande na parede. – Olha lá o caracol, olha o rabo do camaleão!, exclamaram. Era onde eu queria chegar, e passamos a observar as cores, as formas, como elas (cores e formas) se relacionavam no quadro, com o que elas se pareciam, quais lembranças traziam para cada um. Após a apreciação, ofereci um suporte redondo de papelão e tinta guache para pintarem, cada um do modo que queria. Apareceram figuras com listinhas, formas arredondadas, círculos e de novo os caracóis, demonstrando apropriação das características dos trabalhos apreciados, no caso, de Calder.

Outra atividade foi a colagem sobre papel. Da experiência bidimensional anterior, com desenho e pintura, fomos para a delicadeza da colagem de pequenos papéis fixados em suportes diferenciados, com a ajuda da cola. Retorcendo, amassando, recortando, rasgando e dobrando os papéis, relevos começaram a aparecer e as formas a sair do papel, caminhando para o espaço tridimensional. Houve também um momento para apreciar nos livros14 os móbiles de Calder. Mas, como era previsível, apesar de serem belíssimas, as imagens não tinham movimento.

Eu havia trazido de casa alguns móbiles, que foram imediatamente investigados pelas crianças. Fazia perguntas, tentando sempre instigar uma relação com a vivência de cada um, com o que conheciam, principalmente em relação aos materiais e ao movimento: Quem já tinha visto um móbile? Em que espaço eles o haviam visto? Quais tipos eles conheciam? O que os diferenciava? Eles se movimentam? Como? E assim por diante.

Conversamos e decidimos fazer cada um o seu móbile, só utilizando papéis. Foram colocados vários papéis sobre a mesa, muitos já cortados, e também retalhos de panos coloridos, além de cola e barbante. Estimulandoos também a pensar no reaproveitamento dos materiais e na reciclagem, eu provocava: Dá para aproveitar esses retalhos aqui? Dá para compor com o quê? Como colar no barbante? Será que vai cair? Será que vai equilibrar? Depois, pendurei um barbante na estrutura do ventilador e todos iam amarrando suas produções para observarmos o movimento. Deu um belo resultado.

Após a finalização do projeto, ficamos sabendo da exposição do artista Calder na Pinacoteca do Estado de São Paulo! Voltamos então a estudar o artista, seus móbiles e os já realizados pelas crianças, para prepará-los para uma visita ao museu. Isso possibilitou uma ótima retomada do assunto. Na volta do passeio, fizemos outro móbile coletivo, cada turma o seu. Um barbante pendurado na estrutura do ventilador começou a receber os materiais, pedaços de papel, palitos colados, sucatas e arame, que eram oferecidos para que trabalhassem juntos. Que emocionante ver a reação deles diante da instalação pronta – porque uma coisa é fazer, e outra é ver montada, com a reunião dos trabalhos de todos os envolvidos.

De repente, sem querer, um educador entrou e ligou o ventilador e o móbile começou a se movimentar… Foi uma grande sensação!

(Profa. Sílvia Haddad)

Ficha técnica

Escola Grão de Chão
Rua Tanabi, 275 – Água Branca – São Paulo. SP. CEP: 05002-010. Tel.: (11) 3672-5926 / 3673-0208 – e-mails: escola@graodechao.com.br / lucilia@graodechao.com.br
Coordenadoras pedagógicas: Paula Antunes Ruggiero e Maria Cecília Franzini
Coordenadora pedagógica e arte educadora: Lucília Helena Franzini

Para saber mais

Livros

  • Alexander Calder and his magical mobiles, Jean Lipman e Margaret Aspinwall. (Whitney Museum of American Art); New York. Em inglês. Disponível nas livrarias Siciliano e Saraiva
  • Calder, Jacob Baal Teshuva da Taschen. Ed. Taschen. Alemanha. A versão em português está disponível nas livrarias Siciliano e Saraiva.
  • “Conhecimento do mundo”. In Referencial Curricular, vol.3. Arquivos disponíveis no site: www.mec.gov.br
  • Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil, Izabel Galvão. Ed. Vozes. Tel.: (24) 2233-9000.
  • Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação, Tisuko Morchida Kichimoto (org.) Ed.Cortez.Tel.: (11)3873-7111.
  • O espaço do desenho: a educação do educador, Ana Angélica Albano Moreira. Ed. Loyola. Tel.: (11) 6914-1922.

CD

  • Abre a roda Tindolelê. Pesquisa e direção – Lydia Hortélio. Participação especial – Antonio Nóbrega. Disponível em lojas especializadas.

Sites

  • Faculdade de Belas Artes de São Paulo – http://www.belasartes.br
  • Pinacoteca do Estado de São Paulo – http://www.pinacoteca.sp.gov.br
  • Sobre Alexandre Calder – http://www.calder.org (em inglês).
  • Sobre origamis – http://sites.mpc.com.br/ricardo.namur.claro
  • Sobre escrita japonesa – http://www.bugei.com.br/japones/monji.asp – http://www.sonoo.com.br/Escritajaponesa.html
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