Lina e o balão é a mais nova indicação de Ana Carolina Carvalho. Tanto no vídeo como no texto podemos nos emocionar com suas palavras e com a forma de apresentar uma história repleta de cuidado e beleza.
Leia o texto abaixo e assista o vídeo clicando aqui
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Lina e o balão, por Ana Carolina Carvalho
Lina e o balão é um delicado e singelo livro ilustrado que nos faz estar muito perto daquilo que pode florescer no encontro de uma criança e seu brinquedo do coração – um amigo, uma extensão da própria criança, revelando seu jeito de habitar o mundo, inventando-o para si.
O enredo é muito simples e ao mesmo tempo tocante. Em um passeio pela cidade, a pequena Lina ganha de sua mãe um balão de gás amarelo. Desses que podem voar muito alto e longe. Para isso não acontecer, o vendedor de balões amarra o fio no dedo de Lina e ali, começa uma forte ligação, um laço, sob o olhar companheiro e amoroso da mãe.
Aliás, vale ressaltar a presença especial dos adultos na história, já que eles mostram o delicado olhar, a atenção necessária, mas respeitosa – dando espaço para as vivências e aventuras da infância, expressando um cuidado sutil com a criança pequena.
Os tempos e as ações da narrativa são levados pela menina e seu faz de conta. O balão ganha status de personagem habitando com Lina os terrenos da infância. Aliás, isso também acontece com o leitor. Ele é um espectador privilegiado das experiências de Lina – não há como não se envolver e se emocionar com a delicadeza da relação que vai se estabelecendo ali.
É bonito também observar como o balão por meio de seu movimento e da sua “fala” reflete ações e narrativas infantis. Há ali o afastar-se e o quase se perder, o risco e o retorno ao conhecido, as falas cúmplices nos jogos de faz de conta… Tudo vai espelhando Lina e seus desejos, revelando uma relação de intimidade entre a menina e seu “amigo”. Assim, o balão deixa de ser objeto para ser companheiro da pequenina, transformando-se também em personagem da narrativa (no texto, é ele quem chega à casa de Lina em segurança, e sai junto com a menina para brincar no jardim, misturando-se com ela em seu faz de conta…).
Ao longo do dia, Lina vive muitas experiências com seu amigo balão. A cumplicidade e o afeto, a alegria de imaginar e criar mundos, a perda e a dor. Ao final, uma surpresa: o balão transforma-se porque Lina foi capaz, por meio do acolhimento e do amor, de se transformar, também.
Uma ode à infância, aos cuidados, à atenção e à esperança.
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Ficha técnica:
Lina e o balão, Komako Sakai, tradução de Lucia Hiratsuka, editora Pequena Zahar
O mínimo do cotidiano, do prosaico, comezinho – enternece porque toca na experiência, na verdade da criança, o que ela vive, o que sente, o que importa…
O tempo da narrativa é o tempo da criança. E o olhar dos adultos, que chegam perto, na altura da criança, validando sua existência e seu jeito de ser. O que é importante para ela.
