Refeições que Encantam e Nutrem no CEI Mãe do Bom Conselho

O ponto de partida para o trabalho foi olhar para a oferta das frutas e as estratégias para diminuir o desperdício no refeitório.
No CEI Mãe do Bom Conselho, os momentos de refeição sempre foram cuidadosamente planejados. Professoras e equipe da cozinha atuam em sintonia com um objetivo comum: oferecer cuidado e carinho na alimentação dos nossos bebês e crianças. A rotina alimentar é entendida como parte do trabalho educativo e, por isso, é constantemente observada e replanejada quando necessário.

Recentemente, identificamos que, embora as frutas estivessem presentes diariamente no cardápio, havia uma baixa aceitação por parte de algumas crianças. Percebemos uma recusa frequente em experimentar certos alimentos, especialmente as frutas, e um aumento considerável no desperdício. Essa constatação nos levou a fazer uma pausa e olhar mais atentamente para como esses alimentos estavam sendo oferecidos.

Mas por que as frutas? Porque são essenciais na alimentação infantil. Fornecem vitaminas, fibras, minerais e água  nutrientes fundamentais para o crescimento saudável e para a formação de bons hábitos alimentares desde os primeiros anos de vida. Além disso, estimulam a mastigação e a percepção de sabores e texturas diferentes, o que também contribui para o desenvolvimento sensorial da criança. Por isso, a Secretaria Municipal de Educação (SME) orienta que as frutas sejam oferecidas prioritariamente in natura, e não em forma de sucos. Essa diretriz visa preservar os nutrientes e as fibras dos alimentos, evitar o consumo excessivo de açúcar natural mais concentrado no suco e, principalmente, promover a mastigação como parte do processo alimentar e de desenvolvimento.

Diante da situação observada, nos colocamos em movimento. Uma reflexão coletiva foi mobilizada e um ponto importante nos inspirou: a frase presente na Orientação Normativa de Educação Alimentar e Nutricional para a Educação Infantil, que diz: “comemos com os olhos”. Sabemos que essa expressão pode ter muitas conotações. Em alguns contextos, refere-se ao desejo de comer mais do que o necessário ou ao desejo de comer algo que não se pode. Mas, no nosso cotidiano compreendemos que a beleza na apresentação dos alimentos pode ser um convite afetuoso, favorecendo que as crianças se sintam atraídas e motivadas a experimentar o que está sendo servido.

Refletimos sobre como tornar a apresentação das frutas mais convidativa e traçamos algumas estratégias simples, mas intencionais: cortes diferenciados das frutas, como palitos, rodelas, cubos ou formatos inspirados em sorvetes, disposição harmoniosa nas travessas, organizadas por cores e formas que aguçam o olhar e despertam o interesse, uso de recipientes que remetem ao cuidado e à beleza; potes de vidro, travessas de alumínio  e não apenas os potes plásticos de servir; atenção ao ambiente como um todo para que o momento de comer a fruta seja acolhedor, convidativo e cheio de significado. Esses detalhes comunicam algo importante, mostram às crianças que aquele momento é especial, pensado com carinho e respeito.

O resultado foi visível. Algumas crianças, que antes recusavam frutas, passaram a se arriscar a experimentar, motivadas pela curiosidade e pelo visual. ‘’Olha a melancia, parece um sorvete!” As crianças se expressam com entusiasmo diante da mesa de frutas. Demonstram interesse, apontam e comentam as formas e cores. A sobremesa passou a ser  um momento de linguagem e interação, em que interagem com o alimento com interesse e curiosidade.

É fundamental que as crianças pequenas adquiram o hábito de comer frutas, pois isso contribui para seu desenvolvimento integral, promove saúde, amplia a autonomia nas escolhas alimentares e fortalece a relação positiva com os alimentos. Ao priorizarmos o consumo de frutas in natura, construímos uma base mais sólida para hábitos alimentares saudáveis. É também por isso que, aqui no CEI, optamos por não oferecer mais sucos de frutas, mas sim a fruta inteira, como recomendado nas orientações nutricionais atuais.

As famílias também têm sido parceiras importantes nesse processo. Compartilhamos com elas as mudanças na apresentação das frutas e recebemos retornos muito positivos. Algumas relatam que os filhos passaram a pedir em casa as mesmas frutas oferecidas na creche. Esses relatos mostram como a escola e a família podem caminhar juntas na formação de hábitos e valores, e como as práticas vividas na instituição ecoam no ambiente doméstico, fortalecendo vínculos e aprendizagens.

Essa transformação na rotina foi inspirada e fortalecida pela formação continuada com o Instituto Avisa Lá. A escuta qualificada e os encontros formativos nos ajudaram a ampliar o olhar para os detalhes do cotidiano, reconhecendo neles potências educativas. A formação tem nos convidado a pensar em práticas mais sensíveis, intencionais e alinhadas às necessidades reais das crianças  mesmo nas situações mais corriqueiras do dia a dia, como o momento da fruta.

Seguimos confiantes de que cuidar da alimentação é também cuidar do desenvolvimento físico, emocional e social das crianças. Cada fruta bem apresentada, cada corte bonito, cada recipiente escolhido com carinho comunica afeto, respeito e propósito. A estética na alimentação não é apenas um recurso visual. Ela é linguagem. É interação. É forma de dizer às crianças: “isso foi preparado para você’’

Outubro/2025

               

Equipe envolvida: Arlene Marques (diretora), Verônica Nazário (coordenadora pedagógica), Valdirene Mello, Kethyllen Santos, Maria de Fátima da Silva e Evani de Paula (equipe de alimentação)
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CENTRO COMUNITÁRIO JARDIM AUTÓDROMO
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