Baldes, pás, areia e água: elementos para o jogo simbólico

Profissionais da educação conscientes da importância do brincar com água e areia na escola são capazes de propor desafios e novas descobertas às crianças

Nas escolas de Educação Infantil, é comum haver um tanque de areia no ambiente externo. No entanto, ainda são raras as vezes em que ele é utilizado com o objetivo de estimular os pequenos rumo às descobertas. O mais frequente é encontrar crianças, nos momentos em que elas podem usar esse espaço, brincando sozinhas com um ou outro objeto encontrado ao acaso. O educador está distante, dando a impressão de que ele não vê essa atividade como importante, ou ele se afasta por não se sentir à vontade nesse espaço. Entretanto, ao se manterem distantes, os educadores não têm como realizar intervenções que alimentem esse brincar.

O desenvolvimento artístico dos profissionais da escola ocorre pelo contato direto com a assessora de Arte, que promove reuniões mensais com as professoras de cada faixa etária e, quando necessário, oferece cursos e oficinas para o ensino de técnica e de teorias, além de organizar visitas a exposições seguidas de discussão e de reflexão sobre a experiência.

A cada novo projeto, é necessário, no momento de seu planejamento, uma imersão das professoras no universo artístico que será explorado, de modo que possam vivenciar as emoções, os conhecimentos, as dúvidas, formular questionamentos e, principalmente, se apropriarem do que será trabalhado.

No início de cada ano, a assessora, as coordenadoras pedagógicas e as professoras retomam a avaliação do trabalho desenvolvido no ano anterior e, com base nessa avaliação, elegem com o grupo os eixos que serão priorizados ao longo de cada semestre do ano seguinte e os possíveis projetos a serem desenvolvidos. A partir das linhas estabelecidas pelo coletivo da escola, a assessora passa a construir com as professoras de cada turma o projeto que será desenvolvido, tomando-se por base o cronograma detalhado de atividades que serão realizadas com os pequenos.

A presença das coordenadoras pedagógicas, nesses momentos, é fundamental para fixar a Arte como um importante pilar da ação pedagógica da escola, e também para alinhavar a visão geral de criança, oferecendo informações sobre as características de desenvolvimento de cada faixa etária, suas necessidades e suas potencialidades. Especificamente para o projeto “Nosso terreiro”, do qual esse relato faz parte, uma pasta de cada artista ficou disponível para a equipe docente. Ela continha um texto do histórico da vida do artista, reproduções plastificadas das imagens de suas principais obras, fotografias e ilustrações da figura humana real de cada um, vídeo (quando existia), livros oficiais e catálogos de exposições. Esse material foi fundamental para que cada professora estudasse os nomes que seriam apresentados para suas turmas, o que proporcionou mais envolvimento com a ação pedagógica.

Escolha dos artistas
Cada artista trabalhado ao longo do projeto apresenta características próprias em suas produções e possui fazeres artísticos distintos. Contudo, a diversidade de produção foi um dos critérios norteadores das escolhas. No caso de Ernesto Neto, além das características de suas obras favorecerem contato prazeroso para as crianças pelo manuseio de materiais concretos e extremamente atraentes, também oferecem a possibilidade de construir e desconstruir, fazer de diferentes modos, lidar com materialidades externas, empreendendo esforços para superar o desafio de manipular materiais elásticos, como uma meia de náilon, para inserir outro material qualquer e repetir tal ação inúmeras vezes, enfrentando o desafio de permanecer na mesma ação até conseguir ver o produto de seu esforço – uma pequena bola, uma forma oval…

Brincadeira na areia: descobertas e experimentos. Emei Ana Maria Canwsin, Sertãozinho – SP (foto: Ana Paula Ravaneli)

Brincadeira na areia: descobertas e experimentos.
Emei Ana Maria Canwsin, Sertãozinho – SP (foto: Ana Paula Ravaneli)

Essa possibilidade de manuseio, de envolvimento, de exploração dos sentidos, de vivência de situações tão similares às do cotidiano, cria uma situação social de desenvolvimento. Isto favorece a aprendizagem e o acesso da criança a novos modos de se expressar e a inéditos patamares de possibilidades de ação. É essa articulação entre os aspectos constituintes do sujeito, suas características e suas necessidades em cada momento da vida e as materialidades acessadas nas obras de cada artista que, se por um lado, constitui-se em princípio e guia de nossas ações, por outro, parece responsável pelos resultados positivos observados a cada novo projeto.

Atividades de formação para as professoras
Na primeira semana, houve a apresentação do artista. As professoras assistiram a um vídeo sobre o primeiro trabalho dele e, depois, participaram de uma atividade proposta pela assessora de Arte. Como Ernesto Neto utiliza tecidos elásticos em muitos trabalhos, a proposta inicial foi pedir a cada criança que levasse para a escola uma meia-calça de náilon. O objetivo era preenchê-la com diversos tipos de material (pedras, algodão, espuma, bolinhas de isopor, penas, tecidos coloridos etc.) e dar nós ou amarrar com barbante, lã, fios e fitas. Após esse momento individual, a professora, em atividade coletiva e por meio de sorteio, teria de propor a montagem de uma instalação permanente na sala com todos os trabalhos, que poderia ficar suspensa, apoiada ou pregada na parede.

Na segunda semana, cada profissional foi orientada a devolver a produção realizada na semana anterior para as crianças de sua turma, desenvolvendo uma proposta específica para seu grupo, modificando o suporte original. Essa nova ação podia ser coletiva ou individual. Houve pintura com tinta sobre a instalação coletiva, suspensão de uma forma de tecido transparente cheia de objetos significativos para a turma, inclusão de aromas (canela, anis, flores de camomila etc.), amarrações com fitas, costura de guizos e sinos, entre outras. Nessa etapa, as professoras tiveram acompanhamento bem próximo da assessora, de modo que puderam esclarecer dúvidas e, principalmente, foram auxiliadas a superar medos e desafios, atingindo novos patamares na proposição e orientação do pensar e fazer Arte.

Na escola e na Bienal
As atividades desenvolvidas, inspiradas no trabalho de Ernesto Neto, tiveram grande impacto no dia a dia da escola durante todo o semestre, visto a atratividade exercida pelas produções infantis. As instalações pensadas, inicialmente, apenas para a contemplação, passaram a ser buscadas pelos pequenos nos horários livres e de recreio, que queriam interagir com as esculturas, tocando-as, apertando-as, revelando o aspecto lúdico daquele contato.

Esse movimento demonstrou como uma criação se transforma tão logo se objetiva em uma nova obra. Essa transformação só foi possível porque seus criadores – no caso, as crianças – tiveram liberdade para se apropriar de suas criações, conferindo a elas novos significados e sentidos.

O mesmo ocorreu com as professoras, que passaram a ver naquele trabalho mais uma possibilidade de exploração. Essa relação que as crianças estabeleceram com a instalação foi surpreendente e bem aceita pelas professoras, que permitiram o livre uso do espaço, mesmo causando danos e destruição, pois a escultura se transformou em uma peça orgânica, com vida, que cresce, diminui, ganha novas formas e pode desaparecer.

A importância e o destaque dado a Ernesto Neto pela Bienal foram fundamentais para o sucesso da visita. Como na escola ele marcou todo o processo, as crianças criaram grande expectativa quando souberam que iriam ao local onde havia uma obra dele. Algumas até questionaram se Ernesto Neto morava na Bienal, pois elas queriam vê-lo pessoalmente. No dia da visita, cada criança recebeu um colar de barbante com uma imagem plastificada que estabelecia alguma relação com a exposição. Podia ser uma foto de um dos artistas estudados, uma obra vista por eles ou fotos dos trabalhos dos pequenos realizados na escola. Foi uma maneira de aproximá-los entre si, pois cada um queria saber sobre o colar do outro e, principalmente, criou-se um elo com todo o trabalho realizado.

A instalação da Bienal realizada por Ernesto Neto – o espaço de convívio do terreiro “Lembrança e esquecimento” – serviu como momento de pausa e de diversão. Ao se aproximarem da grande tenda montada, todos se sentiram automaticamente atraídos e saíram correndo para penetrar os colchões expostos e pular ou deitar neles. O ato de tirar o sapato liberou as crianças para soltarem o corpo. Os cheiros do espaço convidavam a desvendá-lo. Foi, sem dúvida, um momento mágico para elas.

Em outro momento, os pais foram convidados para visitar a escola não só para apreciar o que havia sido produzido pelos filhos, mas também para participar de algumas atividades. Essa é mais uma preocupação da escola: estender o conhecimento produzido na escola para a comunidade.

No dia do encerramento do projeto, o terreiro do artista continuou a encantar a todos. Pais e filhos permaneceram por horas enchendo meias, dando nós, amarrando tecidos e transformando o pátio coberto da escola em outra instalação do artista. A obra resultante foi algo parecido com uma teia de aranha. Nós, idealizadoras do projeto, sentimo-nos abrigadas e acolhidas entre tantos sorrisos de satisfação, e com a sensação de fazermos parte daquela teia que nos protege, nos liga ao mundo e nos liberta, porque ela pode ser desmontada e refeita de outras formas e por outros motivos.

Isso reforça a ideia de que há grande rejeição em se entender o brincar infantil como um momento de aprendizagem, aliado ao receio que os professores têm de se sujar durante a brincadeira. Esse comportamento acaba sendo legitimado por alguns gestores na medida em que eles exigem que os educadores mantenham o uniforme ou as roupas sempre em ordem e arrumados, e conservem limpos todos os ambientes internos da escola.

Deve-se considerar, também, a reação negativa dos pais quando encontram grãos de areia em alguma parte do corpo dos filhos. O artigo “Areia as crianças gostam, já os adultos…”, publicado na Revista avisa lá, ajuda a compreender a origem dessa rejeição:

São frequentes as solicitações de pais e médicos para que as crianças não brinquem no tanque de areia, principalmente quando apresentam problemas de pele. Muitas mães reclamam da roupa, do calçado, do cabelo úmido ou sujo, temendo que os filhos adoeçam. Outras apontam a falta de tempo e de espaço para lavar e secar as peças diariamente. Em consequência disso, muitas escolas eliminam o tanque de areia e as brincadeiras com água para evitar conflitos com as famílias e com os profissionais de saúde1.

Para reverter esse quadro, compete à escola trazer à discussão esse assunto com toda a equipe escolar e comunidade. Para iniciar esse movimento, a parceria entre diretor, coordenador e professores pode ser uma boa alternativa, como aconteceu no município de Sertãozinho (SP), participante do Programa Formar em Rede2, numa parceria entre a Secretaria de Educação Municipal e o Instituto Avisa Lá, desde 2010.

Começo de formação
Por meio de encontros de formação, cujo conteúdo central é a discussão sobre o brincar, gestores das instituições infantis3 refletem e discutem novas possibilidades de trabalho com as formadoras locais. Os encontros são planejados com base nas orientações de pauta encaminhadas pela consultora do Instituto Avisa Lá no município, e um dos itens que compõe essa orientação é uma ação na instituição. Esse é um momento em que a equipe gestora pode realizar uma observação ou levantar uma informação (por exemplo, como o brincar na área externa está organizado na instituição?) para, a partir daí, planejar com um professor determinada atividade.

Participar dos estudos na formação, voltar à escola com um desafio definido e retornar ao encontro com alguns materiais são movimentos que desencadeiam a reflexão sobre o que, de fato, acontece na instituição e encurtam distâncias entre gestores e professores. Ao ouvirem os relatos de colegas, diretores e coordenadores vão ampliando os conhecimentos e as possibilidades de ação, discutindo problemas comuns e descobrindo, muitas vezes, soluções para questões consideradas complexas.

Em um dos encontros de formação realizado no município, a equipe gestora recebeu como proposta de ação na instituição a seguinte tarefa: “o coordenador deve escolher um professor que considere que já tenha um trabalho mais desenvolvido sobre o conteúdo ‘Intervenção Direta e Indireta na Brincadeira’ e que aceite contribuir na formação, para fazer uma observação de uma atividade na área externa e escrever um registro de observação sobre as diferentes intervenções que identificar.”

É relevante dizer que essa proposta decorreu de uma reflexão sobre a importância do papel do adulto e suas possíveis formas de interação durante as brincadeiras infantis. Além disso, o professor convidado deveria orientar com muito cuidado, pois o objetivo principal não era buscar a prática perfeita, mas sim um profissional disposto a contribuir com os colegas.

No município, um dos principais desafios apontados pela avaliação inicial foi justamente ampliar o uso do espaço externo para melhorar o brincar, conforme pôde ser observado pelas formadoras locais Gisele Maria Miranda e Silvia Aparecida Camargo4. Elas notaram, por essa avaliação, que, muitas vezes, o professor privilegiava o uso do espaço interno da instituição por se sentir mais seguro, limitando a brincadeira na área externa ao playground.

Emei Maria Rosa Motta, Sertãozinho – SP (foto: Ana Paula Ravaneli)

Emei Maria Rosa Motta, Sertãozinho – SP (foto: Ana Paula Ravaneli)

Na Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Maria Rosa Motta, situada no distrito de Cruz das Posses5, a professora Denise Cristina Faria e a coordenadora pedagógica Ana Paula Ravaneli realizaram uma atividade com a turma do Maternal II (crianças de 3 anos) com o intuito de estimular o brincar na areia. Para essa turma, a brincadeira na areia foi uma diversão. Nos momentos em que a professora disponibilizava objetos diversificados e permitia a utilização de água, as crianças optavam por brincar somente na areia, deixando outros brinquedos de lado.

Essa ação simples proporcionou uma brincadeira bem diferente e animada para os pequenos, além de grandes descobertas. Em seu registro de observação, Ana Paula escreveu:

“Eles fizeram juntos caminhos na areia como se fossem rios. Em seguida, enchiam de água, entravam no rio deixando os pés submersos. Uma das crianças fez um comentário: “Olha, gente! Estou parecendo uma árvore!”. A garotada riu até não aguentar mais. “Denise, vou fazer um rio maior que o seu. Bem grandão!”

Essa brincadeira e interação ilustram o que foi estudado no texto Educação Infantil e conhecimento escolar: reflexões sobre a presença do brincar na educação de crianças pequenas, de José Alfredo Debortoli6. Segundo o autor, “há uma riqueza de ações e reações que emergem de uma brincadeira, pois elas abrem espaço para o envolvimento e a mediação”.

Natureza infantil
Durante a brincadeira, além de observar, a coordenadora foi convidada a interagir com o grupo, atuando, dessa maneira, como parceira e referência para a educadora. Passado algum tempo, os pequenos começaram a se dividir em pequenos grupos para construir os próprios rios. Cada grupo fazia um formato diferente. Enquanto uns moldavam o rio, outros colocavam água nas garrafas para enchê-lo. Em entrevista ao site da Revista Crescer7, Renata Meirelles8 comenta sobre a organização da brincadeira pelas próprias crianças: “Brincar não depende de recursos físicos, mas sim de recursos humanos. Brincar não é o meio, é a natureza da própria criança.”

No mesmo registro, a coordenadora destacou também que “algumas crianças cantarolavam enquanto brincavam e, nessa interação, surgiam falas como:

Criança 1: Enche mais a garrafa… Senão o rio não fica cheinho.
Criança 2: Tá pesado, Denise! Você me ajuda?
Criança 3: Vai, joga toda a água bem dentro do rio.
Criança 4: Que legal! A água tá correndo!

A professora Denise conversava com as crianças durante todo o tempo, como membro integrante da brincadeira, aceitando, inclusive, as sugestões:

Criança: Denise, por que você não faz o rio com a mão? Você prefere a pazinha?”

Para finalizar, inspiro-me em Debortoli para dizer que as crianças têm diferentes maneiras de agir e solicitam aos professores diferentes formas de interação. Leia, a seguir, uma das anotações de Ana Paula Ravaneli, que demonstram a extensão da formação sobre o brincar:

O brincar sempre teve um lugar de destaque na EMEI Maria Rosa Motta. Os profissionais envolvidos têm demonstrado bastante empenho com as questões da infância. Com a implantação do Programa Formar em Rede, em 2010, as ações foram sendo consolidadas e as práticas ainda mais voltadas ao desenvolvimento da criança. Já estamos no segundo ano do Programa e as formações continuam alimentando nossas reflexões e práticas. Assim como os professores, os demais profissionais da escola têm ressaltado a importância indiscutível do brincar no desenvolvimento integral infantil. E isso fica revelado nitidamente nas ações cotidianas.

Como coordenadora pedagógica em outras três escolas de Educação Infantil, tenho procurado disseminar essas práticas e envolver o maior número possível de profissionais. Estou certa de estar colhendo bons frutos. A dinâmica nessas unidades vem sendo modificada paulatinamente. Numa situação de brincadeira semelhante a essa, a professora tem o privilégio e a oportunidade de observar as estratégias que as crianças utilizam, como se dividem e distribuem as tarefas nos pequenos grupos e como ocorrem as interações. Sem dúvida, esse brincar, no qual a criança tem a oportunidade de estar em contato direto com elementos do meio e dele fazer uso, com liberdade de escolha, lhe dá condições de desenvolver e exercer seu direito à liberdade de expressão, tão importante para seu desenvolvimento como indivíduo.

(Renata Frauendorf, formadora do Instituto Avisa Lá, em São Paulo–SP)

1Trecho retirado do artigo “Areia as crianças gostam, já os adultos…”, de Cisele Ortiz e Damaris Gomes Maranhão, publicado na Revista avisa lá, no 27 – Julho de 2006.

2 O Programa Formar em Rede é uma iniciativa conjunta dos Institutos Avisa Lá e Razão Social com o apoio tecnológico da IBM. Nasceu do desejo de contribuir com o atendimento prestado às crianças por meio de ações formativas, dirigidas a diretores, coordenadores e educadores de Educação Infantil, que auxiliem a criança a construir conhecimento de maneira criativa e inteligente. Site: www.formaremrede.org.br.

3Os gestores são os diretores e os coordenadores pedagógicos das unidades.

4Gisele Maria Miranda e Silvia Aparecida Camargo são formadoras locais do Programa Formar em Rede, em Sertãozinho – SP.

5Distrito de Sertãozinho – SP, com população estimada em 9 mil habitantes, em sua maioria trabalhadores rurais.

6Educação Infantil e conhecimento escolar: reflexões sobre a presença do brincar na educação de crianças pequenas, de José Alfredo Debortoli, in: Brincar, de Alysson Carvalho (org.). Ed. UFMG, Pró-Reitoria de Extensão. Tel.: (31) 3409-4658. E-mail: vendasonline@editora.ufmg.br. Site:www.editoraufmg.com.br.

7Entrevista realizada com as especialistas Claudia Siqueira, Renata Meirelles e Soraia Saura (disponível em: http://revistacrescer.globo.com/ Revista/Crescer/0,,EMI12710-10531,00.html), sobre a pesquisa realizada pela empresa Omo, em parceria com o Instituto Sidarta, que premia escolas com o selo Aqui Se Brinca 2011. Site: www.omo.com.br/?s=Selo+Aqui+se+Brinca+2011.

8Coordenadora do Projeto Brincar, em Heliópolis (SP), e autora de Giramundo e outros brinquedos e brincadeiras dos meninos do Brasil, Ed. Terceiro Nome. Tel.: (11) 3816-0333. E-mail: editora@terceironome.com.br. Site: www.terceironome.com.br/html/index.htm.

Ficha Técnica

  • Programa: Formar em Rede
    Coordenadora (na época do projeto): Beatriz Gouveia
    Consultora: Renata Frauendorf
    E-mail: rsfrauendorf@globo.com
    Responsabilidade técnica: Instituto Avisa Lá
    Parceiros: Razão Social e apoio tecnológico da IBM
    Site: www.formaremrede.org.br
  • Secretaria da Educação de Sertãozinho – SP
    Departamento Pedagógico
    Endereço: Rua Washington Luiz, 1040 – Jardim Sumaré. CEP: 14170-610 – Sertãozinho – SP. Tel.: (16) 3942-2748 e 3946-6900
    Site: www.sertaozinho.sp.gov.br/educacao.htm
    Formadoras locais: Gisele Maria Miranda e Silvia Aparecida Camargo
    E-mail: pedagogicaoficina@gmail.com
  • EMEI Maria Rosa Motta
    Endereço: Rua Floriano Peixoto, 973 – Distrito Cruz das Posses. CEP: 14179-088 – Sertãozinho – SP.
    Tel.: (16) 3949-1429
    E-mail: mariarosamotta@sertaozinho.sp.gov.br
    Diretora: Dalva dos Reis Valerini
    Coordenadora pedagógica: Ana Paula Ravaneli
    E-mail: anapravaneli@terra.com.br
    Professora: Denise Cristina Faria
    E-mail: dd.faria@uol.com.br
Objetos diversos estimulam a criatividade das crianças Emei Orlando Coli, Sertãozinho – SP (foto: Ana Paula Ravaneli)

Objetos diversos estimulam a criatividade das crianças
Emei Orlando Coli, Sertãozinho – SP (foto: Ana Paula Ravaneli)

Cuidados com o tanque de areia

É recomendável desinfetar a areia semanalmente. A desinfecção deve ser feita quando a creche estiver sem crianças. Uma sugestão é aproveitar o final das atividades da sexta. A manipulação de produtos clorados exige cuidados com a dispensa dos vasilhames vazios e uso de equipamento de proteção individual pelos trabalhadores envolvidos na tarefa. Vale destacar que a solução clorada não elimina todos os parasitas ou bactérias que eventualmente estejam na areia.

  1. Usar 10 gramas de hipoclorito de sódio (em pó) em 1 litro de água para cada metro quadrado de areia. Se você utilizar água sanitária a 2,5%, preparar uma solução com 15 colheres deste produto + 2,5 litros de vinagre em 5 litros de água para cada metro quadrado.
  2. Aplicar a solução, revolver bem e não usar o tanque por dois dias.
  3. Na segunda-feira, revolver a areia novamente antes de usar.

(Manual Creche Saudável – CEPIP/ASBRAC/UNICEF, Rio de Janeiro, 1997)

Atividade na areia também se planeja

Ao planejarem a atividade na areia, a professora Denise e a coordenadora pedagógica Ana Paula definiram as expectativas de aprendizagem das crianças:

Atividade proposta

  • Brincadeira na areia com a utilização de materiais diversos (baldinhos, pás, garrafas PET e água).

Objetivos

  • Promover as interações professor-aluno e aluno-aluno. Desenvolver a liberdade de expressão.
  • Promover o desenvolvimento da criatividade.
  • Propiciar condições para que as crianças façam uso de objetos diversificados.

Desdobramentos da formação

As atuações das formadoras locais Gisele Maria Miranda e Silvia Aparecida Camargo geraram desdobramentos de brincadeiras com areia em outras unidades de Educação Infantil do município. O trabalho continua este ano e tem sido multiplicado com as pré-escolas que não participaram do Programa Formar em Rede em 2010. Elas relataram que Ana Cláudia Moro Ferracini Zanella, uma das coordenadoras participantes do programa em 2010, hoje está de volta à sala de aula, com uma turma de 2ª etapa (crianças de 5 anos) na EMEI Orlando Colli, situada na periferia da cidade. Leia, a seguir, o comentário feito por ela:

A formação desempenhou papel fundamental em minha prática pedagógica. A troca com profissionais de outras EMEIs, o estudo contínuo, a reflexão sobre a prática e a relação com as colegas da unidade escolar onde trabalho provocaram algumas inquietações sobre a minha postura como adulto/professor.

Atualmente, consigo oferecer às crianças situações que eu imaginava preocupantes e perigosas. As brincadeiras que antes tinham quase que exclusivamente objetivos pedagógicos, hoje tem fim em si mesmas. A rotina do brincar tem sido diária, explorando espaços, temas e materiais diferentes. A cara da escola mudou. Há muita troca entre os professores e muita colaboração na organização dos espaços e materiais referentes ao brincar, além do apoio da equipe gestora que sempre valorizou os momentos de brincadeira.

Estamos aprendendo e brincando com as crianças. Está sendo maravilhoso!

Observamos que a mesma proposta feita pela professora Denise Cristina Faria no maternal foi feita pela professora Ana Cláudia Moro Ferracini Zanella para as crianças de 5 anos, que brincam com mais autonomia na organização da brincadeira, na manipulação dos objetos e nas interações. Leia, a seguir, o comentário da professora Iara Balieiro de Almeida Paixão:

Estamos brincando muito no jardim, as crianças têm se divertido demais! Sobem em árvore, fazem comidinhas, brincam com a areia e o barro, constroem cabaninhas e descobriram que podem convidar as professoras para brincar junto porque elas não irão mais mandar nas brincadeiras. As crianças desabrocharam pelo brincar e o clima na escola mudou. Estamos juntos e mais felizes!
Nós, professoras, perdemos o medo de perder o controle nas situações de brincadeira e percebemos o quanto a brincadeira permitida, espontânea, apenas deixando ser e cuidando do que cabe a nós, adultos, permite que as crianças se desenvolvam e se envolvam numa relação mais amistosa e relevante.

Leia, agora, o comentário de Daniela Cristina Israel Piati:

As discussões sobre o brincar proporcionadas nas Horas de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPCs)1 e as trocas com as colegas da EMEI fizeram com que eu refletisse sobre minhas ações e, principalmente, o quanto é importante a valorização da prática do brincar para o desenvolvimento das crianças. Pude perceber que o tempo para as brincadeiras era muito pouco. O horário destinado ao brincar não pode ser o tempo que sobra, e sim um momento planejado.

Hoje, o brincar faz parte da rotina, com tempo, espaço e organização de materiais planejados como qualquer outra linguagem presente na Educação Infantil. Temos buscado incentivar a brincadeira com as outras turmas, convidando-as a brincar conosco. Estou aprendendo a olhar meus alunos de modo mais tranquilo, brincando, interagindo, trocando e aprendendo com eles por meio do brincar.

1Atividade desenvolvida nas unidades escolares pelos professores e o coordenador pedagógico com vistas à formação dos educadores.

Para Saber Mais

  • Areia as crianças gostam, já os adultos…, de Cisele Ortiz e Damaris Gomes Maranhão. Revista Avisa lá, no 27 –Julho de 2006.
  • Como as escolas cuidam do brincar, entrevista de Claudia Siqueira, Renata Meirelles e Soraia Saura ao site da Revista Crescer. Disponível em: http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI12710-10531,00.html.
  • Educação Infantil e conhecimento escolar: reflexões sobre a presença do brincar na educação das crianças pequenas, de José Alfredo Debortoli, in: Brincar, de Alysson Carvalho (org.). Ed. UFMG, Pró-Reitoria de Extensão. Tel.: (31) 3409-4658. E-mail: vendasonline@editora.ufmg.br. Site: www.editoraufmg.com.br.
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