Arquitetura, história e arte do Embu
Conhecer a história da cidade onde vivemos para saber mais sobre nossa própria história e a de nossas famílias – essa foi uma das intenções que deram origem a um interessante projeto no Embu. Crianças de 4 a 6 anos puderam recontar a história de sua cidade a partir de fotos, produções de desenhos, da arquitetura e do patrimônio histórico, marcos e acontecimentos importantes que projetaram o nome Embu das Artes. Como resultado, um guia feito por eles próprios, com dicas para quem quer conhecer o centro turístico.
Existe uma cidade próxima a São Paulo, muito famosa por sua feira de artes e antiguidades, conhecida por Embu das Artes. Durante quatro meses, trabalhei lá, duas vezes por mês, na creche Santa Luzia, onde convivi com algumas das crianças e suas educadoras.
Como professora de apoio, meu desafio era desenvolver um projeto compartilhado com crianças e educadoras, mostrando uma prática que podia servir como referência para o trabalho com a faixa etária.
As educadoras sabiam muitas coisas e já tinham uma idéia sobre o que queriam trabalhar com as crianças. Trataram, então, de esboçar o projeto do semestre: “História do Embu”, foi o que sugeriram. Margit, a coordenadora pedagógica, separou bastante material e trouxe idéias de como poderiam desenvolver o trabalho. Ela pensava em trabalhar a história da cidade relacionando as histórias das famílias das crianças, visitas a lugares turísticos, etc. Ela e Ana, a educadora da sala, emprestaram-me alguns folhetos e informativos para que eu soubesse um pouco mais sobre a cidade. Sugeri que fossem pensando num produto final interessante, que contemplasse os conteúdos por elas determinados e, ao mesmo tempo, discutissem como é a vida numa cidade turística.
A idéia de um guia turístico foi surgindo no nosso horizonte como um interessante objetivo que atenderia a nossas intenções de trabalho com as crianças. A partir daí, Margit e Ana montaram esse projeto praticamente sozinhas. Eu orientava cada etapa, acompanhava, discutia, avaliava e me encantava com as conquistas das crianças, sempre registrando tudo. São esses registros que agora divido com os leitores de Avisa lá.
O início do trabalho
Introduzi o tema do projeto para as crianças numa roda em que puderam ler alguns livros sobre a história da cidade e conversar sobre eles. Para ampliar os conhecimentos que já tinham, li uma história que mistura aspectos históricos como a entrada dos bandeirantes pelo interior e as expedições portuguesas, relatos folclóricos como o encontro com cobras e aventuras com índios. Elas ouviram atentas e discutiram sobre a descoberta do Brasil, as viagens dos portugueses, etc. Cada grupo registrou sua “cena” ou história num desenho coletivo e apresentou aos demais colegas. Adoraram as caravelas portuguesas, as guerras com os índios e outras aventuras. Mostrei também alguns guias e mapas turísticos de outras cidades que já havia visitado, tematizando com eles a importância e o uso deste portador. Interessados pelo material, logo se organizaram em grupos para explorá-lo mais.
Descobrindo o patrimônio histórico
Margit descobriu um roteiro para ver os prédios tombados no Embu e optou por incluí-los no projeto. As crianças já tinham idéias sobre o que é patrimônio histórico. Conversando, disseram muitas coisas que ajudaram na formação desse conceito:
– É um lugar da história.
– É um lugar onde aconteceu história.
– É um museu, igual do Embu.
– É uma estátua.
– Pode ser praça ou rua também.
– É um lugar que não pode destruir, nem estragar, nem pichar.
– É um lugar especial.
– E, se estragar, ninguém mais sabe como foi a história.
Propus que o grupo selecionasse imagens de revistas que pudessem ser consideradas patrimônio histórico e depois cada grupo mostraria as imagens selecionadas e justificaria por que escolheu essas para serem tombadas. Foi muito divertido. A princípio as crianças dispersavam-se com outras imagens, algumas ainda titubeavam sobre o que realmente deveria ser tombado…
– Olha! Achei o Ratinho! Será que o Ratinho serve? – disse uma criança.
– Claro que não, o Ratinho não é museu! – respondeu o amigo.
– Mas é famoso! – argumentou para defender sua posição.
– Ele bate de porrete, é bravão – acrescentou uma outra criança que ouvia o papo.
– Pergunta pra Dani se pode – perguntou o amigo insistindo, inquieto.
– Pode Ratinho, Dani?
– O que vocês acham? – respondi, devolvendo a questão ao grupo.
– Eu acho que ele não é antigo nada! É uma pessoa!
– disse a outra, entrando na roda.
– Mas, se não pode destruir, serve o Ratinho…– retrucou de novo, insistindo na sua idéia.– Ninguém vai destruir ele!
Um outro grupo titubeou diante da torre Eiffel. Já o grupo que via a mansão da família Safra nem vacilou:
– Olha! Esse castelo vai pro patrimônio, né!
– Vai, claro que vai!
– Mas não é tão velho …
– Não interessa! É importante! Deve ter alguma história desse castelo.
As crianças que estudaram uma foto do Rio de Janeiro com muitas casinhas populares e favelas disseram, num esforço de usar o conceito de patrimônio histórico como foi concebido, que aquilo era o bairro de Santa Luzia e que tinha que ir para o patrimônio porque era “a história da gente e que a gente ia ficar sem casa se estragasse”.
Por fim, o grupo escolheu uma propaganda de São Paulo, ouvi umas crianças dizendo:
– Ai que lindo esse meu museu!
– Esse é o campeão!
– É todo pintado! Parece que é novo mas é meio velho.
Para explicar a polêmica do “velho-novo”, disseram que era um prédio velho que tinha ficado por muitos anos coberto por um plástico, igual carro novo, e por isso não tinha estragado. Depois de muita discussão chegou-se à idéia de uma reforma. Então perguntaram:
– Mas, se era importante, por que estragaram? – perguntaram intrigados, abrindo outra discussão, muito pertinente aliás!
Discussão e montagem da maquete do Embu
As crianças fizeram também listas de tudo o que deveria ser posto na maquete antiga e na atual, discutindo cada item e argumentando. Na verdade, os prédios atuais não entravam tanto em discussão, pois tinham sido fotografados. Já os antigos…
– Vai ter padaria? – comecei perguntando.
– Tem hoje, a gente viu, mas antigamente não tinha, sabe por quê?
Porque as pessoas faziam pão caseiro! Em casa! Sabia? E nem era em forno comum, não! Era em forno a lenha! Os portugueses trouxeram muitas comidas deles pro Embu: bacalhau, pão, churrasco…
– Churrasco, não! Ele veio lá da terra da Margit! Né? Do Sul!
– E banco, será que vai ter nessa maquete?
– Tinha antes e ainda tem, porque sempre teve bandido e o dinheiro tem que ficar guardado. Mas antes tinha um só, que ainda existe e ele chamava BANCO. Hoje tem muitos e eles têm um nome deles, além de ser banco, como Itaú, Banespa, Caixa…
– Restaurante!
– A gente ainda não sabe se tinha antes, mas muitas casas antigas viraram restaurante hoje lá no centro. Porque as pessoas querem saber como era antes, igual a gente…
– Posto de gasolina, será?
– Claro que não tinha! Nem existia carro!
Tinha era lugar para dar água para os cavalos e para as carroças… Hoje tem posto porque tem muito caminhão que passa aqui no Embu…
– Antes passava bandeirante e hoje passa caminhão…E motorista.
– Que tal loja de carro?
– Também não tinha! Só se fosse loja de sela de cavalo…
– E loja de móveis?
– Tem uma que o dono falou que é bem antiga …
Faziam cama, cadeira e outras coisas pra pôr nas casas dos portugueses. Só eles tinham dinheiro pra comprar… Os índios sentavam no chão lá da cabana deles.
– Igreja…
– Os jesuítas construíram e virou museu.
Hoje existem outras igrejas também, que não são tão antigas e nem têm padre, só pastor… As igrejas dos jesuítas são mais bonitas porque têm santos e parede pintada…
As crianças pensam sobre a escrita
Como é gostoso trabalhar na creche Santa Luzia! Ana e Tati, as educadoras, são especiais, e as crianças, encantadoras! Cada idéia! Fazem colocações muito cuidadosas. O contato com os textos que liam mobilizou todo o grupo para a reflexão sobre a escrita. As crianças tinham muitas questões que permeavam o cotidiano do grupo. Rafael e Reila, praticamente alfabetizados, ajudavam os colegas, explicando suas descobertas. Rafa, ocupando um lugar mais valorizado no grupo, mudou
sua atitude, mostrando-se mais colaborativo, participativo em todas as atividades. Margit acha que isso aconteceu e que ele aprendeu a ler e a escrever porque demos esse espaço a ele. Pode ser!
Trabalhamos mais um pouco na maquete do “Centro Histórico do Embu”, que está ficando linda! Tem servido como ponto de partida para muitas comparações. Ela tem duas versões: a antiga e a nova. Hoje deveríamos legendar e montar as ruas que faltavam. Numa de nossas conversas, surgiu uma discussão interessante: será que os “antigos” sabiam ler?
– Os índios com certeza não, porque eles desenhavam tudo! – disse Andreza.
– Mas acho que os portugueses sabiam… – arriscou Ingrid, indecisa.
– É porque eles liam mapas… – justificou Jéssica Oliveira.
– Mas eu sei ler mapa e não sei ler palavras – disse Lucas C.
– Então como você faz? – quis saber Jeferson.
– Ah, eu olho, vejo se tem algum desenho, algum rio… – respondeu Lucas com desenvoltura.
– Isso não é ler! – reclamou Andreza.
– E o que é ler? – perguntei então.
– Ler é saber tudo! Assim, o que quer dizer o A, o B, o C…Quando a gente foi tirar as fotos para a maquete, o Rafa leu FIAT, e todo mundo sabia que
estava escrito fiat porque é quase um desenho…como chama mesmo? – tentou explicar Lucas.
– Símbolo! – ajudou Jéssica D.
– É! Mas daí ele leu ETRUSCA, que é o nome daquela Fiat, só daquela! Ele sabia o que estava escrito, o que aquelas letras queriam dizer… –
comentou Lucas novamente.
– Ah, e como elas se combinam para formar palavras? – pergunto mais uma vez.
– É isso! Porque a gente sabe que as letras podem estar em um monte de nomes… Andreza começa com A, Ana começa com A, mas não é a mesma palavra… – explicou Jéssica D.
– Porque Ana é curto… – disse Lucas.
– Não é por isso! É porque tem outras letras…
E assim cada um deu sua opinião sobre a leitura de Rafa, muito comemorada por Ana, Tati e Margit.
A leitura de guias
Hoje levei muitos guias de diversos lugares para dar referências ao nosso. Foi uma festa! Todo mundo queria pegar, olhar, mexer… o mais engraçado é que as crianças começaram a encontrar imagens familiares:
– Olha a Estátua da Liberdade!
– Olha o Coliseu!
– Dani, onde é essa rua?
– Tem ônibus de dois andares!
Conversamos sobre as partes do guia: origem das cidades, mapas, hotéis, pontos turísticos, restaurantes, compras, dicas… Eles queriam partir direto para esta última parte porque eu havia dito que só pode dar uma dica quem conhece muito bem o lugar do qual está falando. Lemos partes do guia “Por dentro de Nova York”, de Kátia Zero, e foi muito divertido. Eles riram porque estava escrito que os nova-iorquinos costumam catar o cocô do cachorro na rua para manter a cidade limpa. Gisele e Michele, duas crianças interessadas na Estátua da Liberdade, diziam:
– Lê da estátua! A gente quer saber como faz para ir para a estátua!
– Tem que pegar barco, fica numa pequena ilha para onde iam os imigrantes… Todos ouviram a leitura, interessados – Custa US$ 12, 00.
– Nossa! Que caro! – disse João Pedro.
– A patroa da minha mãe deu pra ela um dólar e falou que era muito! Que não podia gastar porque era da sorte! Como alguém vai gastar US$ 12 pra ver essa estátua?
– Mas é do patrimônio! – defendia Gisele.
– A gente foi no museu de graça aqui no Embu…
A composição do nosso guia
Concluída nossa “viagem sem sair do lugar”, levantamos com as crianças as seções que um guia tem e decidimos juntos, depois de muita discussão, as partes que comporiam o nosso Guia do Embu. Dividimos a turma toda em grupos menores com a tarefa de pensarem caminhos, monumentos e pontos históricos, lendas e histórias, pontos turísticos e “dicas”. As crianças queriam falar o que sabiam sobre a seção escolhida, na maior pressa. Nem conseguíamos anotar tudo! Margit então sugeriu que gravássemos os relatos em cassete para que, mais tarde, os grupos pudessem ouvir e decidir o que gostariam de ilustrar e de escrever no guia.
As crianças, empenhadas em registrar tudo, capricharam nos desenhos. Alguns até ampliaram um pouco as fronteiras desenhando a Estátua da Liberdade, Torre Eiffel e outros monumentos tombados pelo patrimônio histórico !!
O projeto chegou ao fim com a sistematização dos conhecimentos das crianças a respeito de sua cidade. O material é interessante porque, além de ajudar as pessoas a se localizar, ainda apresenta algumas das personalidades que vivem lá, como Jurema, uma índia xavante que canta na língua materna, Raquel Trindade e Agenor, artistas da região. Hoje, as crianças e suas professoras tentam recursos junto a empresários e à Secretaria de Turismo para editar o guia e custear uma tiragem que possa circular entre os turistas que semanalmente vão ao Embu. Esperamos ansiosos para ver o trabalho dessas crianças participando e contribuindo para a vida de sua comunidade.
(Daniela Pannuti)
A história de nossas famílias no Embu
“Minha avó materna, Odília, veio para São Paulo em 1972, buscando em uma cidade grande o sonho de uma vida melhor. Naquela época, o Embu era bem diferente do que é hoje; não havia uma população tão densa no centro, só havia um mercado e pouquíssimas lojas. Para se chegar aos bairros era muito difícil, pois não havia ônibus que fizessem essas linhas. Na época, morávamos (minha mãe e avó) no Vale do Sol, em uma chácara que pertencia ao casal Carlos Alberto Riccelli e Bruna Lombardi. Naquele período, eles gravavam uma novela indígena chamada Aritana, em nossa cidade, que foi escolhida por ter alguns marcos históricos relevantes à trama como, por exemplo, o antigo convento, hoje Museu de Arte Sacra. Aliás, no museu temos uma oportunidade maravilhosa de conhecer um pouco mais sobre a colonização portuguesa e sobre os povos indígenas que um dia habitaram nossa cidade. Uma curiosidade interessante é que naquela época as construções existentes no centro eram bem mais rústicas e algumas tinham sua arquitetura inspirada em Portugal. Hoje, infelizmente, muita coisa mudou, nem tudo para melhor.”
(Rosa, mãe de Giovana Prates Lima)
“Quando vim morar aqui no Embu era assim… A gente sofria muito porque não tinha asfalto, era um lugar muito simples… Não tinha água encanada, só tinha a bica, onde todo mundo pegava água para tudo. Tinha os tanques para lavar as roupas. Eram quatro tanques para vinte mulheres. Poucas pessoas tinham luz elétrica. Uma coisa tinha: muito turista que vinha ao Embu. E também vinham pintores que pintavam os barracos e até as pessoas que moravam neles. Não tinha igreja ; as missas eram celebradas na escola. A fonte vivia cheia de namorados; de sábado e domingo a fonte era cheia de gente!”
(Cleonice, mãe de Jéssica de Oliveira)
Ficha Técnica
O projeto “Arquitetura, História e Arte, o Embu é tudo isso e muito mais” foi pensado pelas professoras Ana Maria Rodrigues, Tatiane Aparecida Tomazoli e a coordenadora pedagógica Margit Karin Both, sob a orientação de Daniela Pannuti, e dele participaram crianças de 4 a 6 anos, na creche Santa Luzia, Embu, São Paulo, entre agosto e novembro de 1999.
Eixo de trabalho predominante: natureza e sociedade.
Âmbito de experiência: conhecimento de mundo e formação social e pessoal.
Objetivo compartilhado com as crianças: produzir um guia turístico do Embu.
Objetivo didático: apresentar a história do Embu fazendo com que as crianças se interessem e demonstrem curiosidade pelo
assunto, manifestando opiniões próprias sobre acontecimentos, buscando informações e confrontando idéias, dispondo de seus conhecimentos num material que tenha um uso social real, como é o caso de um guia para orientar turistas em suas incursões pelo centro histórico.
Conteúdos (o que a professora quer que as crianças aprendam):
conceitos: mapas, guias e patrimônio histórico.
procedimentos (o que devem saber fazer):
- usar o mapa como instrumento de localização;
- comparar características arquitetônicas dos prédios antigos e atuais;
- colher informações num museu;
- reconhecer e identificar os prédios tombados pelo patrimônio histórico;
- registrar as informações obtidas por meio de desenho e da elaboração
coletiva de texto instrucional; - procurar informações em livros, guias, mapas e outros portadores.
atitudes e valores: - respeitar e valorizar a cidade onde moram, reconhecendo nela um
importante centro turístico que guarda e preserva a história; - reconhecer e valorizar o próprio trabalho como um objeto que terá uso social real (o guia pode ser lido e usado pelos turistas que vão ao Embu).
Orientações didáticas:
- fazer perguntas que favoreçam a construção de hipóteses das crianças;
- ouvir as hipóteses que surgem sobre as fontes de pesquisa, o que serve e o que não serve para informar, socializando esses conhecimentos com o resto do grupo;
- discutir antecipadamente as atitudes e comportamentos esperados nas visitas e passeios ( como andar de ônibus, visitar o museu, andar na rua, etc…);
- discutir e decidir com o grupo os próximos passos do trabalho como, por exemplo, o que será escrito no guia;
- acompanhar todo o trabalho das crianças respondendo às dúvidas e instigando a construção de novas hipóteses;
- ajudar as crianças na construção de registros (lista, gravações em cassete e desenhos) que sirvam para resgatar o que foi estudado quando for o momento de escrever o guia;
- apresentar o guia pronto para novas revisões, modificações e observações, garantindo que seja fruto do trabalho de todos.
Atividade inicial: Organizar na sala mesas com vários livros sobre a história do Embu para que as crianças, nos seus grupos, possam observar, explorar e manifestar o que sabem sobre o assunto. Anotar os comentários que surgirem.
Seqüência prevista de atividades1:
- Organizar uma primeira visita ao centro histórico para que as crianças tenham a chance de confrontar as informações prévias com as novas, obtidas nessa visita.
- Propor um desenho de observação da rua Joaquim Santana, rua central da cidade, como registro e oportunidade de elaborar hipóteses: eles devem pensar como deve ser o próximo museu que vão visitar e o que ele significa para o Embu.
- Levar o grupo para uma visita ao Museu de Arte Sacra a fim de que as crianças conheçam mais sobre a história do Embu. Lá é possível discutir o que se guarda no museu, como e por que existe esse acervo e, ainda, atitudes que os visitantes costumam ter num local como esse: como se locomover, o que pode e o que não pode ser tocado.
- Ler nas rodas de história algumas das lendas que fazem parte do folclore e da história do Embu, as histórias dos índios, que foram os primeiros habitantes, e dos jesuítas portugueses. Propor que desenhem, como forma de registro dessa pesquisa, o que permitirá resgatá-la num outro momento, quando precisarem das informações.
- Levar o grupo para uma visita ao lado da cidade que não foi tombado pelo patrimônio histórico. Propor a observação dos prédios novos: o supermercado, os bancos Bradesco e Caixa Econômica Federal. Propor que o grupo estabeleça relações entre os locais atuais, os prédios tombados e as paisagens descritas nas lendas.
- Discutir e planejar com o grupo a elaboração de uma maquete da cidade. Dividir a sala em subgrupos, deixando a cada um a tarefa de registrar um prédio visitado.
- Conversar com o grupo sobre as últimasdescobertas, pedindo às crianças que se lembrem de quatro coisas importantes que viram no Embu; a gravação em cassete e vídeo é uma importante forma de registro que pode ser recuperada facilmente quando as crianças precisarem.
- Alimentar a pesquisa das crianças levando revistas, livros, fotos, cartões- postais, etc e criando espaços (painéis, mural de sala) e momentos para a socialização desses saberes.
- Propor que desenhem um dos monumentos tombados para que possam pensar e levantar hipóteses sobre as características dos prédios que devem fazer parte do patrimônio histórico.
- Voltar ao centro turístico com um guia da cidade. Deixar que os subgrupos se localizem seguindo as orientações do guia a fim de encontrar os pontos turísticos. Orientá-los para que utilizem a legenda.
Etapas de construção do guia:
- mostrar e ler para as crianças as informações que aparecem em diferentes guias;
- selecionar com as crianças o que deve aparecer no guia que irão confeccionar;
- organizar o material;
- elaborar com as crianças um texto coletivo, capa, índice e número de páginas, seguindo o modelo dos guias originais;
- criar ilustrações;
- distribuir a primeira versão para os subgrupos, dando a eles a tarefa de revisão do texto;
- definir com o grupo todas as alterações;
- editar a versão final;
- colocar o guia à disposição para quem quiser consultá-lo.
Avaliação:
A avaliação se dará a partir das observações diárias das ações das crianças no processo das atividades: o que conseguem e o que não conseguem fazer, quais estratégias utilizam para resolução dos problemas que se apresentam. Por esse motivo, a seqüência de atividades não é rígida: dependendo das necessidades das crianças, será preciso fazer ajustes, como reelaborar as atividades, reconsiderar os desafios propostos, voltar à mesma situação dando às crianças a chance de reelaborar ou mesmo pular uma etapa que não apresente nenhum desafio a elas. Para tanto, é preciso que o educador saiba usar suas observações para propor novas situações e desafios que ajudem as crianças a avançar a fim de que aprendam mais e atinjam o objetivo proposto.
Este projeto traz uma importante contribuição: cada etapa da seqüência é descrita com clareza e a ela seguem os objetivos, ou seja, para que serve cada atividade proposta às crianças. Escrever os projetos dessa forma pode ser bom na medida em que ajuda o educador a pensar na adeqüação de suas propostas, recolocando o foco nas aprendizagens das crianças e, por outro lado, facilita a compreensão daqueles que desejam realizar trabalhos parecidos com este.