1 – AVENIDA DOS MISTÉRIOS – John Irving | |
Como o título antecipa, não faltam mistérios em meio a eventos estranhos da suposta realidade e sonhos que recuperam a vida do personagem principal. Nele vamos conhecendo mais sobre os costumes do México, sobre a religiosidade e a vida de pessoas que ficam a margem, no lixão, no circo. A maneira pela qual o livro termina nos coloca perante a questão da imaginação no trabalho do escritor literário. Ainda que por vezes você possa ficar com a sensação de estar em meio a um sonho que não termina, este livro te coloca defronte de diferentes questões interessantes. | |
Editora Rocco, 2018 |
Indicado por Alessandra Ancona de Faria |
2 – CONTOS DA PALMA DA MÃO – Yasunari Kawabata | |
Kawabata sabe escolher o essencial, a palavra precisa, e descartar tudo o que não é absolutamente necessário. Muitas vezes encerra-se a leitura de um conto de duas a quatro páginas, tamanho que “cabe na palma da mão” sem a noção exata de seu significado. E então, em algum momento posterior, essa sensação difusa pode se transformar em revelação plena de sentido. A morte, o amor, a infância, a cegueira, a sensualidade, os laços de família, os sonhos, as expectativas são alguns dos temas que perpassam os contos, e que nascem da observação do que há de mais cotidiano – e, nesse sentido, invisível – na existência. | |
Editora Estação Liberdade, 2008 |
Indicado por Ana Lucia Bresciane |
3 – O PAI DA MENINA MORTA – Tiago Ferro | |
O nome pode assustar, mas recomendo, pois o autor escreve muito bem sobre a vida após uma grande perda. Ele vai construindo a narrativa utilizando-se de maneira criativa de muito gêneros, autobiografia, e-mails, epígrafes, verbetes. Embora o tema seja a morte de sua filha de 8 anos pela gripe H1N1, o livro versa sobre como sobreviver após essa experiência traumática. Instigante, sensível e belo. Um legado de um pai para sua filha. Li de uma sentada, sem conseguir largar. |
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Editora Todavia, 2018 |
Indicado por Silvia Carvalho |
4 – OS VELHOS TAMBÉM QUEREM VIVER – Gonçalo Miguel Tavares | |
Em meio à guerra de Sarajevo, nos anos 90, Apolo e Hércules descem do Olimpo para intervir na vida dos homens. Admeto, ferido de guerra, deve morrer, mas o deus Apolo, que não concorda com “o nobre noivado entre causa-efeito”, intervém para que Admeto viva uma segunda vez. A morte, no entanto, precisa saciar sua fome e só pode devolver a vida ao herói na condição de levar outra pessoa em seu lugar. Alguém deve morrer por ele. Quem você acha que vai se oferecer à Apolo? Por quais motivos? E você, morreria no lugar de alguém? Quem? E o que você exigiria como pacto de honra pela própria vida dada em troca? A história expõe, a partir do impasse da morte, as reflexões, as causas e as decisões dos personagens que amam Admeto, que eu indico para um fim de tarde de férias, para ler de um só golpe. | |
Editora Foz, 2015 |
Indicado por Silvana Augusto |
5 – MEU NOME É LUCY BARTON – Elisabeth Strout | |
Durante uma longa internação em um hospital, a escritora Lucy Barton recebe a visita de sua mãe, a quem não via há anos. Procurando reaproximarem-se, as duas rememoram cenas da infância de Lucy, falando sobre a cidade do meio oeste dos Estados Unidos onde viviam, rememorando trajetórias das as pessoas daquela comunidade. É o único laço que elas conseguem encontrar em comum. Lucy é agora uma escritora em Nova York e essa mudança de vida implicou afastamento radical de sua família de origem. Ao ouvirmos essas histórias, desenhamos a vida da sua família, sua extrema pobreza, compondo um quadro da América profunda, pouco explorada em livros e filmes. “Um livro de escrita ágil, para ler em poucas sentadas”. |
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Companhia das Letras, 2016 |
Indicação Ana Carolina Carvalho |
6 – O CONTO DE AIA – Margaret Atwood | |
Em um futuro muito próximo, um cenário onde não existem mais jornais, revistas, livros nem filmes – tudo fora queimado. Também já não há advogados, porque ninguém tem direito a defesa. Nesse Estado teocrático e totalitário, as mulheres são as vítimas preferenciais, anuladas por uma opressão sem precedentes. Elas não têm direitos e são divididas em categorias. À pobre Offred coube a categoria de aia, o que significa pertencer ao governo e existir unicamente para procriar. Com esta história, o leitor é convidado a refletir sobre liberdade, direitos civis, poder, a fragilidade do mundo tal qual o conhecemos, o futuro e, principalmente, o presente. | |
Editora Rocco, 2017 |
Indicado por Damaris Maranhão |
7 – O GENERAL EM SEU LABIRINTO – Gabriel Garcia Marques | |
Gabriel García-Márquez tece este belo romance inspirado na vida de Simón Bolívar, El Libertador. Impregnado das doutrinas de Rousseau, Montesquieu e Voltaire, Bolívar dedicou a vida a “romper a cadeia com que nos oprime o poder espanhol”. Fascinado pelo general que um dia sonhou com uma América Latina unificada e livre, desde o México à Terra do Fogo, García Márquez retraça o percurso de Bolívar tanto no plano físico quanto no espiritual, estabelecendo um paralelo entre sua viagem até Cartagena das índias, de onde ele partiria rumo ao exílio, e sua jornada inevitável à morte. | |
Editora Record, 1989 |
Indicado por Mara Christofani |
8 – CONFESSO QUE VIVI – Pablo Neruda | |
Percorrendo uma trajetória que se inicia com a evocação da infância e termina com o golpe que derrubou Salvador Allende, o poeta chileno Pablo Neruda narra em suas memórias, fatos relevantes de sua vida. O poeta chileno dizia que sua vida era feita de todas as vidas. “Do que deixei escrito nestas páginas se desprenderão sempre — como nos arvoredos de outono e como no tempo das vinhas — as folhas amarelas que vão morrer e as uvas que reviverão no vinho sagrado. | |
Editora Bertrand Brasil, 1992 |
Indicado por Mara Christofani |
9 – MEMÓRIAS DE ADRIANO – Marguerite Yourcenar | |
Uma das mais fascinantes obras do século XX, este livro traz como personagem principal Adriano, o grande imperador romano. Mas não se trata apenas de uma biografia romanceada. A grande dama da literatura francesa faz uma obra de ficção, em que a ambienta física, política, social, cultural e psicológica obedece a um rigoroso processo de reconstituição histórica. | |
Editora Nova Fronteira, 2015 |
Indicado por Mara Christofani |
10 – DIAS RAROS – João A. Carrascoza | |
Dias raros traz 4 contos inéditos: O último gol, Tecidos, Ali, Um ano a menos. […] Os contos circulam em uma geografia quase bucólica: casas, portões, quintais, vizinhos, parentes, pais e filhos, mães na cozinha, árvores, silêncio. No limite entre o idílio rural remanescente e a violência seca das cidades grandes, todo pensamento é físico, e quando chega quase à abstração, como no excelente “Umbilical”, […] um dos mais belos momentos do livro, é como se reencontrássemos uma essência natural na vida, essência sempre generosa, cujo fim é comunhão. (Cristovão Tezza). | |
Editora Nacional, 2017 |
Indicado por Lucila Silva de Almeida |
11 – A BIBLIOTECÁRIA DE AUSCHWITZ – Antonio G. Iturbe | |
‘A Bibliotecária de Auschwitz’ é um livro diferente. É uma história verdadeira e cheia de detalhes a respeito de um professor judeu que criou uma escola secreta no campo de concentração de Auschwitz, dedicando-se a lecionar para cerca de 500 crianças. Criou também uma biblioteca com a ajuda de uma menina judia que se arriscava para manter viva a esperança trazida pelo conhecimento. É um registro de uma época sofrida da História, mas que também mostra a coragem de pessoas que não se renderam ao terror e se mantiveram firmes usando os livros como ‘arma’. | |
Editora HARPER COLLINS BR, 2014 |
Indicação de Cisele Ortiz |
12 – CADERNOS DE MEMÓRIAS COLONIAIS – Isabela Figueiredo | |
Um genial acerto de contas da autora com o passado colonial de Portugal e com seu pai, um eletricista português radicado em Moçambique. O pai parece personificar Portugal: despreza e explora os nativos. O “melhor” de Moçambique ficava com os brancos: as boas praias, os bares, a vida cultural e social, as melhores oportunidades. Tudo isso é visto pelos olhos de Isabela, que nasceu em 1963 e teve que se mudar para Portugal nos anos 1970, durante o contexto da descolonização. Uma espécie de Carta ao pai (de Kafka), num texto que mescla memória, ensaio, observação pessoal e ficção. | |
Editora Todavia, 2018 |
Indicado por Walkyria Dias |