Lá Si Faz Música

JAQUELINE RIBEIRO¹


AÇÃO DO PROFESSOR, QUANDO SUBSIDIADO PELA FORMAÇÃO, POTENCIALIZA O DESENVOLVIMENTO DA EXPRESSÃO MUSICAL DAS CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL


Aprender música é um trabalho integrado

A educação musical tem sido pauta de grandes debates e discussões particularmente em decorrência da lei no 11.769/2008 que ampara sua obrigatoriedade na Educação Básica. Uma das problemáticas é a presença da música desvinculada de uma prática significativa para a criança, sem conteúdos e fins específicos da área. Quando utilizada como recurso para disciplinar ou para a transição de atividades não garante às crianças possibilidades de criação, percepção dos sons e exploração de suas formas e qualidades expressivas. Também não revela aos educadores benefícios que a expressão musical propicia para o desenvolvimento infantil.

É comum observar a tensão dos educadores com relação às apresentações musicais da escola em datas comemorativas, como dia das mães, festa junina, encerramento do ano letivo. Considerando que muitos desses professores alegam não possuírem conhecimentos e habilidades musicais, há escolas que contratam um profissional de música especificamente para preparar esses eventos. Será que dessa forma está sendo realizado um trabalho efetivamente musical?

Para a grande maioria das pessoas, incluindo os educadores e educadoras (especializados ou não), a música era (e é) entendida como “algo pronto”, cabendo a nós a tarefa máxima de interpretá-la. Ensinar música a partir desta ótica significa ensinar a reproduzir e interpretar músicas, desconsiderando a possibilidade de experimentar, improvisar, inventar como ferramenta pedagógica de fundamental importância no processo de construção do conhecimento musical².

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) aponta que, ao ouvir ou aprender uma canção, realizar jogos rítmicos, entre outras ações oferecidas pelo professor na escola, as crianças despertam, estimulam e desenvolvem o gosto por atividades musicais e se expressam nas esferas afetiva, estética e cognitiva.


1 Pedagoga, pós-graduada em Psicopedagogia, especialista em Educação Infantil e educadora musical.
2 Música na Educação Infantil: Proposta para a formação integral da criança, de Teca Alencar de Britto. São Paulo: Peirópolis, 2003. p. 52.

Aprender música significa integrar experiências que envolvem a vivência, a percepção e a reflexão, encaminhando-as para níveis cada vez mais elaborados³.

A educação musical faz diferença para as crianças de zero a três anos? Será que os bebês são capazes de realizar um trabalho musical? É possível que o educador, mesmo tendo lacunas em sua formação, desenvolva um trabalho com música?

Desde muito cedo, a criança entra em contato com a cultura musical e inicia seu processo de musicalização de forma intuitiva. Já na fase intrauterina, os bebês são estimulados com os sons provocados pelo corpo da mãe, como o sangue que flui nas veias, a respiração e a movimentação dos intestinos, bem como com o timbre da voz materna que se torna inconfundível.

De acordo com Beatriz Senoi Ilari:

Aprender a apreciar a boa música, seja ela de qual gênero for, é também desenvolver um senso estético-musical. E isso pode começar já na infância, uma vez que os bebês (e as crianças) não estão cognitivamente limitados a um certo tipo de música, sendo capazes de perceber, discriminar e até mesmo armazenar elementos musicais complexos na memória de longo prazo4.

Considerando essas indagações, compartilho aqui uma experiência realizada na rede pública municipal de Jundiaí, São Paulo, direcionada a educadores e crianças do segmento zero a três anos. Trata-se de um projeto de formação musical chamado Lá Si Faz Música5 elaborado por mim e pela professora e pianista Dulce Mara Jacomasso de Oliveira6 com o objetivo de implantar um trabalho musical de qualidade e transformar o cenário observado.


3 Referenciais Curriculares Nacionais (RCN) – Volume 3 – Conhecimento de Mundo, Música, p. 48.
4 Em busca da mente musical: ensaios sobre os processos cognitivos em música – da percepção à produção, de Beatriz Senoi Ilari. Curitiba: Editora UFPR, 2006, p. 296.
5 O projeto foi subsidiado pela Secretaria de Educação do município em 2011 e 2012, apresentado no XVIII Congresso Brasileiro de Educação Infantil – Organização Mundial para Educação Pré escolar (OMEP) em 2011 e compartilhado em minha pesquisa de campo da Pós-graduação em Educação Musical (Faculdade Cantareira – SP) sob orientação da profa dra Enny Parejo. 6 Professora da Rede Municipal de Jundiaí.

Fazer música no espaço da escola

A escolha do nome já era repleta de informações e trazia um toque de sensibilidade. Algumas notas musicais: LÁ, SI e FA ao mesmo tempo que uma localidade era indicada: Onde se faz? No espaço da escola! A intenção era trazer música de
forma qualitativa para o ambiente escolar.

Considerando que se tratava de um universo de aproximadamente 4 mil alunos e que para as crianças de zero a três anos a questão do vínculo é crucial em qualquer atividade proposta, optamos por valorizar a ação do educador que está em contato direto com as crianças, sob nossa orientação e parceria. Essa escolha também estava amparada na resolução CNE/CEB no 7, de 14 de dezembro de 2010, que traz o professor de referência como uma das possibilidades de profissional para lecionar música.

O projeto teve como foco sensibilizar e orientar os educadores sobre o fazer e a apreciação musical no espaço escolar para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da autoestima, do autoconhecimento e da integração social das crianças e de todos os envolvidos nesse ambiente. A proposta teve como base metodológica os RCNEIs, os estudos de Teca Alencar de Brito, Beatriz Senoi Ilari e práticas de especialistas musicais como Josette Feres7 e Enny Parejo8.

Diagnóstico e planejamento

Ao mapearmos as 60 unidades educativas, percebemos que havia três pontos principais nos quais as ações do projeto deveriam incidir:

♦ Equipar e organizar as escolas: a maioria das unidades não possuíam instrumentos musicais de qualidade, tampouco se atentavam para a confecção de materiais sonoros selecionando materiais adequados para a exploração da escuta. Sensibilizar e formar os educadores para o trabalho musical: no repertório deles prevaleciam canções midiáticas, muitas vezes impróprias para o universo infantil e, em sua maioria, sentiam-se incapazes de cantar e desenvolver práticas musicais.
♦ Esclarecer o papel da música na escola: várias creches da rede não eram espaços cantantes.
♦ O trabalho musical, com algumas exceções, era reduzido a ouvir uma sequência de músicas colocadas em momentos de rodas de música. Os cantos eram acompanhados de gestos e movimentos que, pela repetição, tornavam-se mecânicos e estereotipados.

Definiram-se assim os passos metodológicos: equipar as escolas com instrumentos musicais de qualidade; realizar formações bimestrais com os educadores; visitar escolas que desenvolvessem algum trabalho musical ou assistir aos seus vídeos; acompanhar e propor novas ações diante dos resultados dos educadores e das crianças atendidas.


7 Referência na Educação Musical para bebês, fundadora da Escola de Música de Jundiaí, membro da International Society of Music Education, Austrália.
8 Ministra cursos e formações sobre Musicalização infantil. É fundadora do Atelier Musical Enny Parejo.
9 RCNEIs – MEC, 1998. Volume 3 – Conhecimento de Mundo, Música – p.47.

A escolha dos instrumentos e materiais

Todas as unidades atendidas pelo Lá Si Faz Música receberam os instrumentos musicais que selecionamos em quantidade sufi ciente para a exploração de todos os alunos do grupo. Uma das grandes dificuldades nos momentos de música era o fato de só existir um exemplar de cada instrumento nos kits de bandinhas, em geral, de baixa qualidade sonora. Essas bandinhas utilizam instrumentos – pandeirinhos, tamborzinhos, pauzinhos etc. – muitas vezes confeccionados com material inadequado e, consequentemente, com qualidade sonora deficiente. Isso reforça o aspecto mecânico e a imitação, deixando pouco espaço para as atividades de criação ou para as questões ligadas à percepção e ao conhecimento das possibilidades e qualidades expressivas dos sons9.

Bem se sabe que as crianças são atraídas pelos instrumentos ou por qualquer outro material que esteja nas mãos do colega. Ao utilizar instrumentos diferentes simultaneamente, vários timbres entram em jogo, mas também pode aumentar a dispersão do grupo e dificultar a exploração e a percepção do som de cada um. Mesmo tendo o mesmo instrumento, as crianças têm a sensação de que o do outro toca mais. Aos poucos perceberão que a diferença está na forma de tocar. Portanto, a proposta do projeto era a de que fossem, em determinado momento, oferecidos os mesmos instrumentos a todos os alunos, o que não impedia, posteriormente ou em outras propostas, que fossem explorados timbres diferentes simultaneamente.

Selecionamos também materiais que dessem suporte aos educadores, como livros e CDs10.

Optamos por entregar gradativamente, pois o diferencial estaria na exploração realizada em formação com o enfoque qualitativo do uso das canções e propostas de atividades. A ansiedade dos educadores por conhecer e ensinar maior número de músicas precisaria dar espaço ao conhecer e ensinar músicas de maneiras e enfoques variados, explorando a sonoridade e as possibilidades de criação.

Ao término dos dois anos, todas as escolas receberam uma caixa especial com o compêndio das formações realizadas, materiais adicionais para exploração e também puderam agrupar todos os CDs e os livros já utilizados no processo.


10 CD Lá Si Faz Música, com músicas de domínio popular; CD Bebê, música e movimento, de Josette Feres; CD e livro Canteiro – músicas para brincar, de Margareth Darezzo; CD e livro Dos pés à cabeça; CD e livro Coralito, de Thelma Chan; CD Clássicos para crianças com sons de natureza, de Alex Guerra; entre outros.

Praticar música para ensinar

A formação continuada constitui o grande diferencial para a reflexão e mudanças na prática do educador, justamente porque nela incide a oportunidade da tomada de consciência sobre as dificuldades e o desafio de elaborar formas para enfrentá-las e resolvê-las.

Estruturamos um trabalho de formação para os educadores a fim de atender 700 profissionais da educação, abrangendo professores, agentes de desenvolvimento infantil e coordenadores pedagógicos.

Inicialmente o trabalho residiu na sensibilização dos educadores sobre a importância da música na escola e também em promover vivências musicais e resgate de momentos da infância desses profissionais. Como seria possível realizar um trabalho musical com os alunos se os educadores se sentiam incapazes e despreparados para tal e, o mais preocupante, não percebiam benefícios da música em si mesmos?

Os encontros eram planejados de acordo com as necessidades observadas, mesclando momentos para a formação do adulto e orientações para o trabalho com as crianças.

Para a formação dos adultos, exercícios que envolviam respiração diafragmática, aquecimento vocal, relaxamento e principalmente no exercício da escuta de composições diversas que eram contextualizadas pelas formadoras. Além de ampliar o acesso a estilos diversos, pouco difundidos nas mídias, a intenção era que as sensações fossem verbalizadas e, assim, gradativamente, percebido o quanto a música poderia exercer influências quando permitido e criado o clima para isso.

O dia a dia na escola com as crianças é bastante agitado e se o educador não ponderar seu volume de voz e o ritmo em que executa as inúmeras atividades, certamente caminhará para o estresse e levará consigo todos os alunos. No início do projeto, os momentos de formação do La Si Faz Música começaram a ser apreciados pelos educadores ao menos pelo fato de que havia um momento de parada para relaxar e sentir a música. Posteriormente, surgiram novos encantamentos.

Pensando no trabalho com as crianças, as formações contavam com fundamentação teórica, seguida de sugestões de repertório, bem como de possibilidades de explorações junto os pequenos.

Cotidiano para introduzir a música

Para que o trabalho se efetivasse realmente na unidade escolar, propusemos o Momento musical, nome dado ao instante em que o projeto Lá Si Faz Música aconteceria na escola, com frequência semanal de duas vezes e indicação de duração aproximada para cada grupo de alunos: berçário (B1), dez minutos; crianças de um ano (G1), quinze minutos; crianças de dois anos (G2), vinte minutos; e crianças de três anos (G3), trinta minutos. Essa duração era apenas um norteador, mas que deveria ser flexível e se ajustar ao tempo de produtividade do grupo. O bom senso do educador e o respeito à criança eram premissas fundamentais.

A estrutura do Momento musical contava com as seguintes etapas:

♦ Acolhida – ênfase aos aspectos afetivos;
♦ Desenvolvimento – espaço para a exploração das fontes sonoras, incluindo a voz, os sons do corpo e dos instrumentos musicais;
♦ Relaxamento – privilegiava a apreciação musical.

Por meio das atividades planejadas na etapa desenvolvimento, estimulou-se fundamentalmente a exploração das fontes sonoras e o movimento. Entende-se como fonte sonora todo e qualquer material produtor ou propagador de sons, produzidos pela voz, pelo corpo humano, por objetos do cotidiano, por brinquedos ou por instrumentos musicais. Ao estimular o canto, dava-se ênfase ao aspecto psicolinguístico. Josette Feres (1998) ressalta que, ao realizarem barulhos com a boca, imitando caminhão, estalando a língua ou então apertando as bochechas, as crianças exercitam os músculos da face, que são utilizados no processo da fala. Era perceptível o quanto os bebês apreciavam as músicas cantadas pelos educadores, particularmente quando eram sem acompanhamento musical e gradativamente passavam a reproduzir os desenhos melódicos das canções de forma peculiar. Progressivamente a criança retém os desenhos melódicos das canções e passa a cantar com maior domínio melódico. Inicialmente não há controle preciso de afinação.

Com a exploração dos sons do corpo e dos instrumentos musicais, as crianças tinham a oportunidade de explorar as sonoridades de forma qualitativa. A preocupação não residia em saber nomear as notas executadas em um instrumento, mas em perceber as variações de altura, a intensidade do som produzido, a duração com que as executava. Também não era propósito que as crianças de zero a três anos reproduzissem ou imitassem estruturas sonoras conhecidas, pois a intenção era que fosse criada sua própria música por meio da experimentação e da repetição de movimentos.

É impossível dissociar música do movimento. Por volta dos três anos fica muito mais visível a integração entre gesto, som e movimento na expressão musical, favorecedores do desenvolvimento motor e rítmico.

A realização musical implica tanto gesto como movimento porque o som é também gesto e movimento vibratório, e o corpo traduz em movimento os diferentes sons que percebe. Os movimentos de flexão, balanceio, torção, estiramento etc. e os movimentos de locomoção, como andar, saltar, correr, saltitar, galopar etc., estabelecem relações diretas com os diferentes gestos sonoros11.

Nesses momentos, as crianças se expressavam corporalmente e, partindo de seus movimentos naturais, internalizavam o ritmo e as demais propriedades do som ludicamente.

No relaxamento, os educadores foram desafiados a exercitar a apreciação musical e, para isso, a escuta era fundamental. Como resultado, os alunos passaram a prestar mais atenção a detalhes da música, percebendo e diferenciando o timbre dos instrumentos em gravações. Também ampliaram o período de concentração, uma vez que eram instigados a silenciar para escutar. Essa atitude repercutiu no comportamento do grupo para as demais atividades do cotidiano escolar e, gradativamente, trouxe melhores resultados para as etapas anteriores do Momento musical.


11 RCNEIs MEC, 1998. Volume 3 – Conhecimento de Mundo, Música, p.61.

Escutar é perceber e entender os sons por meio do sentido da audição, detalhando e tomando consciência do fato sonoro. Mais do que ouvir (um processo puramente fisiológico), escutar implica detalhar, tomar consciência do fato sonoro12.

É preciso também considerar que todo esse trabalho musical favoreceu o desenvolvimento cognitivo. Em todos os momentos, a memória era ativada para entoar canções, para identificar timbres, e o raciocínio era desenvolvido para criar possibilidades de expressão.

Resultados e avanços

O projeto atingiu grandes proporções, envolvendo não apenas educadores e crianças de zero a três anos, mas também a comunidade escolar e professores de outros grupos com idades maiores.

Várias iniciativas foram tomadas com base nas formações: algumas unidades confeccionaram caderno com as canções do Lá Si Faz Música para que a família soubesse qual música a criança estava aprendendo naquele mês; uma escola gravou CDs com as canções preferidas dos alunos para incentivar a ampliação de repertório dos pais; outras ainda, e, nesse caso, foram várias, fizeram eventos para compartilhar com os pais como era o Momento musical e os convidavam para executar essas canções junto aos seus filhos.

Vários coordenadores pedagógicos presentes em formação se encantaram com a proposta e assumiram o papel de multiplicadores dentro de sua unidade escolar, contemplando também os alunos de quatro e cinco anos, e solicitaram que, no próximo ano, o projeto também formasse educadores desses grupos de crianças.

Em seus relatos os professores socializaram as reações e as mudanças de comportamento observadas com a prática do Momento musical. A afetividade estimulada na acolhida promoveu aproximação entre criança e adultos, e até mesmo entre os alunos. Favoreceram-se o fortalecimento de vínculo e o desenvolvimento das relações interpessoais. Observou-se que, de maneira significativa, houve redução da agressividade dos alunos, de mordidas etc., como também propiciou a integração de crianças com necessidades especiais que, em outras atividades, recusavam-se a participar.


12 Música na Educação Infantil: Proposta para a formação integral da criança, de Teca Alencar de Britto. São Paulo: Peirópolis,
2003. p. 187. 13 Em: O cérebro musical. Revista Presença Pedagógica, Belo Horizonte, v. 16, n. 95, p. 19-25, set./out. 2010.

Como bem define Elvira Souza Lima13:

Música nos conecta a nós mesmos e nos conecta aos outros. Por meio de música um conjunto de pessoas estranhas entre si acaba formando um grupo, uma comunidade movida por uma motivação e um prazer comuns.

Construiu-se um novo olhar sobre o fazer e a apreciação musical nas unidades de Educação Infantil do município de Jundiaí, ressaltando a importância da escuta, do cantar e da exploração de diferentes fontes sonoras. Isso ficou visível nas apresentações de fim de ano. As crianças não estavam ali apenas para agradar os adultos que as assistiam, mas sim para mostrar o trabalho que haviam feito ao longo do ano. Era um processo de aprendizagem que estava em evidência e não algo preparado especificamente para o momento.

O repertório dos alunos deixou de ter como base apenas canções midiáticas (principalmente funk e sertanejo), mas, ao menos na escola, eram cantadas músicas de domínio popular selecionadas pelo projeto ou pela ação espontânea do educador, com letras adequadas ao universo infantil. Os pais também foram envolvidos nessa mudança e, ao perceberem que as crianças estavam cantando mais, recorreram à escola para corresponderem aos pedidos dos filhos no ambiente familiar.

Contribuições aos educadores

Nos encontros, registramos as reações de cada grupo de alunos e relacionamos avanços e dificuldades apontados na oralidade dos educadores. Também era possível, nesse mesmo momento, perceber ansiedades, inseguranças ou seguranças do educador diante da proposta. Após a escuta atenta eram valorizadas as ações realizadas e propostas sugestões pontuais para vencer a dificuldade apresentada, lançando novos desafios. O que dava certo em uma turma nem sempre funcionava na outra. Além disso, há as diferenças características de cada idade. As ações com crianças de berçários não poderiam ser as mesmas para crianças do G3, que tinham três anos.

Por meio dessas conversas era possível perceber que, além de questões da área musical, fundamentalmente se faziam presentes questões pedagógicas. Como coordenadoras/formadoras, além de orientações referentes ao conteúdo musical, compartilhávamos a experiência de sala de aula e, assim, refletíamos sobre as concepções de ensino e de infância dos educadores. Constituía-se naquele espaço um grande laboratório com experiências também dos educadores, baseadas nas mais diferentes realidades compreendidas no município, que eram refletidas e somadas à prática de cada participante.

Foram solicitados diversos registros individuais para que se tornasse possível o acompanhamento do trabalho em cada unidade escolar e, organizados os dados, visualizássemos os avanços e progressos no aspecto musical de cada professor envolvido. Vale ressaltar que algumas unidades já desenvolviam projetos de música; portanto o Lá Si Faz Música, nesses casos, complementou e estabeleceu diálogos com a prática vigente da equipe.

A insegurança de cantar, a vergonha de se expor diante dos colegas de trabalho ou da própria criança aos poucos foram minimizadas, dando espaço à autoconfiança. Um misto de desafio e de encantamento se instaurava diante das respostas das crianças e do próprio adulto ao perceberem que poderiam fazer um trabalho diferente com música.

Posted in Revista Avisa lá #62.