Cesta alimentar amiga da primeira infância: precisamos falar sobre isso.
Elza Corsi [1]
Uma parcela generosa da população brasileira vem, em um esforço titânico, combatendo a fome do povo empobrecido, adoentado, desempregado em meio à pandemia da Covid19, descontrolada e agressiva que já caminha para 500.000 mortos. Todos, sejam governantes ou não, estão convocados a qualificar os itens que compõem as cestas básicas de alimentos, em especial aquelas que atendem famílias que têm crianças pequenas, de zero a seis anos.
É compromisso de todos nós garantirmos o desenvolvimento pleno e saudável desta faixa etária e proteger nossas crianças pequenas da doença e da fome.
Nossas crianças não estão sendo atingidas só pela fome e desnutrição, mas também sofrem com as interações sociais empobrecidas, a ausência de brincadeiras que proporcionam o desenvolvimento da imaginação, da afetividade e da inteligência.
Convidamos a todos e todas a pensarem em como enriquecer as cestas com brinquedos tradicionais da infância, livros infantis de qualidade textual e ilustrativa. Produzir e doar jogos de tabuleiro, imprimindo as suas regras e enviando junto, incluir impressos de parlendas de domínio público e regras de brincadeiras tradicionais. Vamos favorecer às crianças o enriquecimento de sua imaginação fértil.
Convidamos a incluir nas cestas produtos de higiene pessoal, aqueles fundamentais como: sabão líquido, detergente, máscaras tamanho infantil para crianças a partir de quatro anos e fraldas descartáveis, além de outras necessidades particulares da comunidade atendida.
Convidamos, ainda, a pensar em alimentos frescos que possam compor uma cesta verde com frutas, legumes, hortaliças e temperos básicos (cebola , alho cheiro-verde), de duração prolongada para suprir as necessidades básicas das crianças pequenas.
Como sugestão temos as verduras como acelga, repolho, taioba, ora pro nóbis; legumes que têm maior durabilidade como chuchu, nabo, cenoura; tubérculos como mandioca, inhame, cara; frutas como maçã, pera, abacate, goiaba, laranja, limão, tangerina, abacaxi, manga; pesquisar e incluir as PANCs (plantas alimentícias não convencionais) por alguns desconhecidas e por outros esquecidas, mas muito comuns, são fontes de vitaminas e sais minerais. Consultar os guias de sazonalidade de alimentos para incluir os que têm mais no mercado, portanto mais sadios e com menor preço.
É possível também inserir nas cestas alimentos proteicos como: ovos, leite em pó, carne seca, sardinha e peixe seco desidratado.
Os dez passos para uma alimentação saudável retirado do Guia alimentar para crianças menores de dois anos, com um trecho reproduzido abaixo, pode orientar a reflexão de cada comunidade e o planejamento de estratégias para qualificar a alimentação infantil. [2]
“Os primeiros anos de vida de uma criança, especialmente os dois primeiros, são caracterizados por crescimento acelerado e enormes aquisições no processo de desenvolvimento, incluindo habilidades para receber, mastigar e digerir outros alimentos, além do leite materno, e no autocontrole do processo de ingestão de alimentos, para atingir o padrão alimentar cultural do adulto.”
“O bebê que mama no peito cresce, tem mais saúde e adoece menos. “
“Ao completar 6 meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais.”
“Ao completar 6 meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas e legumes) três vezes ao dia, se a criança estiver em aleitamento materno.”
Uma cesta bem pensada mata a fome, garante a saúde, forma hábitos alimentares e pode fazer bem para o espirito imaginativo e brincante das crianças.
Fica o convite.
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[1] Elza Corsi é bióloga, nutricionista e formadora do Instituto Avisa Lá