Com seu olhar poético, Ana Carolina Carvalho convida-nos a orbitar em outras esferas, flutuar em pensamentos e na imaginação, nesta história pelo espaço, acompanhados de uma criança. Assista o vídeo clicando aqui e leia o texto abaixo.
Cosmonauta, de Mário Alex Rosa e Carol Fernandes, Editora Aletria
Uma leitura de Ana Carolina Carvalho
Cosmonauta é o jeito com que os russos chamam aqueles que navegam pelo cosmo. Como também são os astronautas, os marinheiros das estrelas. Navegar pelo cosmo ou no meio das estrelas já parece por si só, um sonho, um convite a orbitar em outras esferas, flutuando em pensamentos e na imaginação. Pois é justamente o que faz o menininho deste livro. Ele brinca com seu boneco astronauta. Ela vai longe com seu brinquedo, o seu duplo, mirando a lua, querendo-a como sua.
É bonito o jogo que o livro faz entre a água e o universo, esses mistérios da natureza e por onde podemos navegar; e entre o que se observa e o que se imagina – quando precisamos estar de olhos bem abertos e quando, ao fecharmos, enxergamos melhor os nossos sonhos.
O projeto gráfico do livro é primoroso. A capa, sem margens nos coloca de “cara para a lua”, é o leitor também um cosmonauta. Ao abrir o livro, novamente a lua, mas também o convite para abrir generosas orelhas, que nos revelam muito mais do universo: o sol e a Terra alinhados com a lua, em um imenso céu estrelado, sem margens. Somos nós naquele universo.
E então, nas primeiras páginas, estamos em cenário terrestre. Há uma mesa com um aquário em cima, peixinhos, um menino esticando a mão para alcançar seu boneco astronauta e sua nave espacial. Apagadinha, quase invisível, está a lua, no cantinho direito, lá no alto, no céu da página, clarinha, quase não a vemos… Mas estamos atentos, é um livro ilustrado!
Era uma vez um astronauta. A história já havia começado, narrada por meio de imagens. Mas… junto a essa frase inaugural, que nos convida a entrar num outro mundo, está o menino, que alcançou o seu boneco astronauta e brinca com ele. Então, quem é o astronauta? O boneco? O menino? Os dois, que viram um só, irmanados na fantasia?
A brincadeira vai acontecendo, o menino é comum, brinca, joga o boneco para cima, faz ele voar… Até que olha a lua! Sim, aquela lua apagadinha vai ficando mais evidente no canto-céu da página. O menino vê. E deseja, sonha com ela. Com aquela lua que vai se transformando, mudando de fase e…. chegando perto do menino! Ele fecha os olhos, e quase toca nela! Aliás, os dois, menino e boneco, de olhos fechados, sonhando, imaginando…
Logo, o aquário vira um capacete, os peixes flutuam. O menino entra no foguete espacial. A nave do boneco, ele é o boneco? Então, acontece algo lindo… Daquele foguete, sai o próprio céu como se fora um rastro de fumaça. E esse céu-universo cheio de estrelas vai crescendo e ocupando um espaço cada vez maior das duplas de páginas. O leitor este com o menino, o boneco, o astronauta. O leitor é um cosmonauta. Conhece o espaço, planetas, estrelas, voa com peixes e baleias, olha o mundo lá do alto, alcança a lua. Assim como o astronauta também pode chamá-la de sua.