O lugar em que vivemos guarda muitas histórias. É assim também com um
bairro da capital paulista, chamado Higienópolis. Muitas de suas histórias foram recontadas pelas crianças da Escola Carlitos que, apoiadas por seus professores, pesquisaram, escreveram e ilustraram um belíssimo livro que revela segredos e detalhes do bairro.
“Os espaços onde vivemos tornam-se parte de nós mesmos, misturam-se com nossas emoções, dão tons às nossas lembranças e contornos à nossa história. (…) Espaços são feitos por pessoas, cheios de vozes, de silêncios, de nomes, de mistérios e histórias que habitam a memória humana, nos tornando cúmplices de ruas, casas, prédios e praças. Penso que é essa relação de cumplicidade que nos torna responsáveis por aquilo que ocupamos.
A idéia de realizar este livro surge da vontade de formar pessoas que tenham cumplicidade com seus lugares e portanto ultrapassem a relação utilitária e apressada que têm com eles, percebendo-os enquanto cidadãos que cuidam do que é seu, que transformam o que é de todos, através de ações, num viver-bem comum. O conteúdo desenvolvido neste livro é um desenrolar de fatos e lembranças descobertos pela comunidade da Escola Carlitos e registrado pelos alunos através de palavras e imagens. Durante seu processo de construção, cada pedaço do bairro transfigurou-se e multiplicou-se pelo desvendar de detalhes e segredos nunca antes conhecidos.”
(Maria Manuela de Castro Mendes Leal Anabuki, diretora geral e pedagógica da Escola Carlitos. Trecho do livro Um bairro chamado Higienópolis, a história contada por crianças)
No período em que as chácaras foram loteadas, inaugurou-se o Parque Higienópolis, localizado entre as ruas Piauí, Alagoas, Bahia e a Avenida Higienópolis. No dia 18 de setembro de 1913, o parque recebeu o nome de Praça Buenos Aires. No centro da praça havia um telescópio que foi um dos primeiros observatórios da cidade e que hoje em dia não existe mais.
“ A minha infância foi muito gostosa. Quase todas essas casas grandes tinham árvores frutíferas: jabuticabas, goiabas etc. e a molecada se divertia. Nós pulávamos os muros e íamos catar as frutas. Na minha infância eu não me dei conta de que em Higienópolis viviam pessoas importantes.A mim interessavam as frutas que possuíam em seus quintais.A gente andava de bicicleta em volta da praça Buenos Aires.A praça tinha um coreto e um observatório, só que eu nunca vi aquele observatório aberto. Quando eu fui crescendo um pouquinho, a praça Buenos Aires virou um lugar para namorar, paquerar, conversar com as meninas.”
Trechos do depoimento de Fred Lane, morador do bairro desde 1932.
Ficha técnica:
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