Apresentando Casulo
Cisele Ortiz*
O CEI Shangrilá descobriu o Casulo.
Há tempos trabalhamos com uma versão de formação com o mote “tem creche na comunidade e tem comunidade na creche”, com a intenção de efetivar uma integração possível e necessária entre educação e cultura local. Importante movimento que se enraizou.
Este ano na mostra cultural do dia 08/11, conheci o Casulo, fiquei impressionada com seu trabalho poético, forte e íntegro, de cunho social e político.
Seu livro traz inúmeros textos com reflexões profundas sobre a periferia, pobre e preta, que pode ser muito importante para a identidade de crianças e jovens e para a valorização do local em que vivem, além de promover a inclusão cultural e o que podem descobrir sobre si mesmos.
Casulo, inspirado na Cooperifa(1), abriu, em sua própria casa, uma biblioteca comunitária com a ideia de formar pessoas com senso crítico. Faz saraus abertos na segunda sexta feira de cada mês, o Clamarte – Cia. Literária Dos Amantes da Arte.
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A LONA, AS TÁBUAS E CONTRADITÓRIO PAPELÃO DO SISTEMA
EM PAÍSES DESIGUAIS, há muitos casais comemorando bodas de prata sem ter ao menos uma casa própria.
Não sei porque, mas a pretensiosa palavra casamento serve até para as famílias que moram embaixo das pontes.
Ainda bem que não se paga pra sonhar!
Mas o sonho da casa própria para os desalicerçados há de se materializar, nem que para isso cada prestação custe
o valor de um tijolo…
Porque matrimônio completo é aquele que a certidão de casamento se junta com a escritura da casa própria.
Só assim a pátria será de todos…
Dos olhos para fora mora a liberdade, editora FiloCzar (pg. 128)
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Mas Casulo, não é só poeta, também é artista plástico. Em sua oficina automotiva, como funileiro, ele usa resíduos para fazer esculturas metálicas, poderosas. Ou seja, o poeta vem criando novas obras, aproveitando peças automotivas inutilizadas após o conserto de carros, para dar, como ele mesmo diz, um novo significado ao que iria para o ferro velho.
Casulo é uma pessoa especial, fala de si e da vida com muita abertura e faz com que tenhamos consciência de que não sabemos nada do que acontece nas periferias de nossa cidade, que há uma cultura poderosa e atual, que não é vista e nem valorizada.
Para conhecer o Gilmar Ribeiro, (Casulo) por sua própria voz assista essas entrevistas:
Café Preto
(3917) Poeta Casulo – YouTube
Linha de Frente – TV Cultura
https://www.youtube.com/watch?v=0MjTk9-n4dI
Pode também acessar as redes sociais:
- facebook – projeto clamarte
- instagran – @metal_morfose
- facebook pessoal – Gilmar Ribeiro
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*Cisele Ortiz é psicóloga, especialista em educação infantil e é coordenadora adjunta do Instituto Avisa Lá.
(1) Cooperifa – Cooperativa Cultural da Periferia, é um sarau semanal de poesia e cultura que acontece no Jardim São Luiz, zona sul de São Paulo, criado em 2000 pelo poeta Sérgio Vaz.
