Uma parceria produtiva

A parceria entre diretor e coordenador pedagógico das unidades de educação infantil para o desenvolvimento de um projeto de ação beneficia a qualidade do atendimento e contribui para a profissionalização da equipe
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Fotos: Rita De Cássia Xavier

Os projetos de ação e ou institucionais, sejam eles de caráter pedagógico ou organizacional, mudam a prática estabelecida e conferem aos coordenadores e diretores uma função mais técnica, atenuando o desgaste das tarefas administrativas e emergenciais. Geralmente os projetos institucionais começam com a abordagem de algo que se pretende mudar, que traz algum desconforto no âmbito do atendimento à criança. Para isto, incentivamos a parceria entre coordenador pedagógico e diretor, que nem sempre possuem a mesma visão sobre o assunto. Essa é uma excelente oportunidade para esses parceiros trocarem idéias sobre as concepções de trabalho, as atividades desenvolvidas, o que observam e não gostam.

A dupla inicia a proposta de mudança propondo-se a diagnosticar uma situação que incomoda as duas partes. É daí que surgem as aberturas para o trabalho conjunto e a criação de um projeto institucional que dê conta da mudança. A parceria se integra porque tem como um dos fundamentos a complementaridade de olhares e a construção de ações coletivas nas quais todos os profissionais participam, almejando o mesmo objetivo. É importante mencionar que quando essa parceria se estrutura na ação, possibilita a integração das áreas de saúde, pedagógica e gerencial, permitindo que as diferentes equipes atuem com a mesma intencionalidade para o alcance das propostas. Sem dizer que os pais também participam de forma colaborativa. Vista dessa forma, a parceria é um jeito de trazer o diretor para as questões pedagógicas e educacionais, e de o coordenador pedagógico poder ajudar no que precisam para mudar, esbarrando muitas vezes em decisões de organização de espaços, material etc.

Tivemos oportunidade de observar algumas ações de parcerias com sucesso em várias unidades CEIs e EMEIS das coordenadorias de Itaquera, São Mateus e São Miguel que participam do projeto de formação Capacitar Educação Infantil. Como exemplo, descrevemos a ação relatada a seguir.

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Formatura que virou acantonamento
Desde quando assumi a coordenação pedagógica deste CEI, incomodavam-me as festas de formatura aqui realizadas, que faziam parte do calendário escolar. Os pais/comunidade e funcionárias do CEI tinham como tradição essa prática. Como trabalharia esta questão sem magoá-los? Após várias reflexões com a direção e os professores acerca do porquê desta prática, resolvi, então, propor que trocássemos a tradicional formatura por uma experiência de acantonamento. A diretora Filomena concordou com a idéia, e em seguida conversamos com as professoras, que de imediato aceitaram o desafio. Planejamos todos os objetivos, detalhes e atividades, e desenvolvemos um projeto de ação.

O sonho virou realidade. Nos dias 15 e 16 de dezembro de 2006 tivemos nossa primeira experiência de acantonamento no CEI Danielle Monteiro. No dia 15 (sexta-feira), nós (equipe de sete funcionárias: cinco professoras – Silvana, Ana Maria, Osmarina, Idamar, Cíntia, a diretora e eu, coordenadora) recepcionamos nossas crianças do 2º estágio e algumas do 1o que estavam saindo (25 crianças) entre 19h e 20h.

O que mais nos chamou a atenção neste momento foi a alegria das crianças ao entrarem. Pareciam estar em um mundo encantado, num parque de diversões, num lugar que nunca haviam entrado, bem diferente da entrada de todos os dias no mesmo CEI. Assim que chegaram foram brincar com os triciclos do Berçário na quadra. À medida que a brincadeira com os triciclos ia terminando, dirigiam-se para uma das três salas preparadas previamente com cantos de atividades diversificadas. A primeira sala possuía um canto de fantasias, e nenhuma das crianças deixou de se fantasiar antes de ir para outro canto. Permaneceram o resto da noite com a fantasia, a qual permitia que fossem os reais personagens daquele mundo encantado.

Num segundo momento, recebemos o Paulo com seu violão (ele realiza oficinas de musicalização no CEI), que nos proporcionou mais momentos de magia, brincadeiras e danças. Por volta das 22h servimo-nos de nossa ceia de Natal. Percebíamos a beleza da mesa nos olhos maravilhados das crianças. Após a refeição, nos dirigimos à sala do Berçário, nosso dormitório, onde agradecemos a Deus pelo dia maravilhoso que tivemos. Ao amanhecer, qual não foi a surpresa senão o próprio Papai Noel acordando as crianças para distribuir os presentes!

Nosso “encantamento”, quer dizer, acantonamento estava quase no fim. Havíamos preparado o café-da-manhã também para os pais. Antes, porém, eles tiveram uma surpresa. Após os agradecimentos da direção e votos de boas festas, as crianças cantaram a música “Fico assim sem você”, de Adriana Calcanhoto, acompanhadas pelo violão de Paulo. Distribuímos a letra da música “Então é Natal”, pedindo que todos os presentes cantassem conosco, igualmente acompanhados pelo violão. Nossos momentos de encantamento, infelizmente,chegavam ao fim. Tomamos juntos nosso café-da-manhã e nos despedimos das famílias e de nossas crianças. Elas deixarão saudades.

Entre nós, responsáveis pelo “encantamento”, a realização e felicidade predominavam em nosso semblante, camuflando o nosso cansaço. Valeu a pena! Depoimentos sobre o acantonamento:

“Valeu a pena, pois proporcionamos momentos de alegria e magia para nossas crianças”. – Profa Silvana.

“Nunca vi nossas crianças tão felizes! Vou levar esta experiência para o CEI que irei no próximo ano!” – Profa Célia.

“Foi uma das melhores formaturas que nós já tivemos. Se houver acantonamento em 2007, eu irei participar novamente.” – Profa Idamar.

“Foi uma experiência muito boa, pois minha filha ficou lembrando-me a semana inteira para eu não esquecer de sexta-feira… Percebi claramente seu interesse em dormir no CEI.” – Suzete, mãe de Carla, 2º Estágio.

“O que eu mais gostei foi que meus filhos não viam a hora de ir para o acantonamento e puderam participar, pois não precisei comprar a roupa branca de formatura, sendo que não tenho condições financeiras para tal gasto.” – Márcia, mãe de Vitor e Vitória, 2º Estágio.

“Meu filho teve uma experiência inesquecível e eu passei momentos emocionantes e felizes, observando que ele era a própria felicidade”, Fátima, mãe de Nathan, 2º Estágio.

Fala das crianças:
“Tia, eu to tão feliz que vou comer mais, apesar de minha barriga já estar cheia!” – Bruna.

“Oba, a creche é toda nossa hoje!” – Vitória.

“Parece que eu estou sonhando!” – Nathan.

Conversa entre as crianças na segunda-feira (18/12):

– Samuel, que pena que você não veio, foi o dia mais feliz daqui da creche, tinha tantas coisas gostosas e podíamos brincar do que queríamos! – Reinaldo.

– É, que pena que acabou, eu gostaria que fosse sempre assim! – Letícia.

– Tinha até Papai Noel, e ele acordou a gente dando presente! – Nathan.

(Ana Benê Brentano, coordenadora de Projetos do Instituto Avisa Lá e Rita Cássia Xavier, coordenadora pedagógica do CEI Danielle Monteiro, na Zona Leste da Cidade de São Paulo – SP)

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Ficha técnica

Programa Capacitar na Educação Infantil
Iniciativa: Grupo Gerdau e Instituto C&A
Responsabilidade Técnica: Instituto Avisa Lá
Formadora: Maria Paula Zurawsky
Coordenadora: Ana Benê
Realização: Secretaria Municipal de Educação de São Paulo – SP
Coordenadoria de Itaquera

CEI Danielle Monteiro
Rua Senador Henrique Novaes, 310 – Jd. Catarina
CEP: 03960-000
E-mail: ceijcatarina@prefeitura.sp.gov.br
Tel.: (11) 6722-2741
Diretora: Filomena Maria da Silva Lima
Coordenadora pedagógica: Rita de Cássia Xavier
Educadoras: Silvana Custódio de Oliveira, Ana Maria de Souza, Osmarina Geraldo da Silva, Idamar Francisca da Silva, Cíntia de Brito Gonzaga.

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